Membro do BCE alerta que guerra comercial com EUA pode deixar Europa em recessão e com inflação alta
A Europa sofrerá no caso de uma nova guerra comercial com os Estados Unidos e poderá enfrentar uma recessão junto de uma inflação alta, disse o presidente do banco central do Chipre, Christodoulos Patsalides, nesta quinta-feira.
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, tem prometido impor tarifas sobre a maioria das importações e dito que a Europa pagará um preço alto por ter mantido um enorme superávit comercial durante anos.
"As tensões comerciais estão aumentando", disse Patsalides em uma conferência. "Se as restrições comerciais se concretizarem, o resultado poderá ser inflacionário, recessivo ou pior", disse Patsalides.
Ainda assim, o BCE pode, por enquanto, continuar reduzindo a taxa de juros, sendo que o próximo corte pode ocorrer em dezembro, acrescentou Patsalides.
"Embora o crescimento da economia da zona do euro esteja anêmico há algum tempo, a abordagem para os cortes de juros deve ser gradual e orientada pelos dados", disse Patsalides. "Se os próximos dados e as novas projeções de dezembro confirmarem nosso cenário base, haverá espaço para continuar reduzindo os juros em um ritmo e magnitude constantes."
O BCE reduziu os juros em um total de 75 pontos-base, para 3,25%, este ano, e os investidores precificam totalmente outro corte em 12 de dezembro, com a maioria também prevendo cortes em cada reunião de política monetária até junho do próximo ano.
No entanto, Patsalides também alertou que as pressões inflacionárias, principalmente decorrentes de possíveis choques de oferta, ainda representam um risco, assim como a natureza rígida do crescimento dos preços de serviços.
A inflação na zona do euro tem desacelerado rapidamente nos últimos meses e agora se espera que oscile em torno da meta de 2% nos próximos meses. Ela poderá então se estabelecer na meta na primeira metade de 2025, mais cedo do que o BCE previu pela última vez.