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Mercado de IPO do Brasil em 2014 pode passar em branco

Bolsa teve o pior início de ano em pelo menos uma década

5 mai 2014 - 14h03
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O atual clima de desconfiança dos investidores em relação ao cenário macroeconômico do país pode fazer o mercado brasileiro passar 2014 sem uma única estreia na bolsa, disse nesta segunda-feira o presidente-executivo da BM&FBovespa, Edemir Pinto. "Se as expectativas mudarem, os IPOs (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) voltam ainda esse ano. Se não, é bem provável que não tenha", disse o executivo à Reuters.

Após 13 operações de abertura de capital que movimentaram cerca de R$ 20 bilhões em 2013, segundo o executivo, a bolsa teve em 2014 o pior início de ano em pelo menos uma década, em meio à combinação de fraco crescimento econômico do país e alta inflação.

A pesquisa semanal do Banco Central com instituições financeiras divulgada nesta manhã apontou nova piora na previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país, a 1,63%. A previsão dos economistas para a inflação medida pelo IPCA ficou em 6,5%, no teto da margem de tolerância da meta do governo, cujo centro é de 4,5%.

Para Edemir, esse clima negativo tem pesado sobretudo na percepção do investidor estrangeiro, responsável atualmente por cerca de 60% do volume diário da Bovespa. As eleições presidenciais esse ano e o futuro econômico do país ainda pouco transparente aparecem, também pesam sobre as expectativas do mercado, disse ele, avaliando que uma retomada do mercado acionário depende de sinais especialmente na área fiscal, para dar confiança aos investidores. "Esperamos que o governo mostre um pouco mais clareza e uma diretriz mais transparente e factível", disse Edemir. "Hoje a confiança está abalada e esperamos que o governo consiga reverter isso."

Nesse sentido, um possível aumento de impostos federais para resolver questões pode piorar ainda mais os ânimos do mercado, segundo ele, comentando a entrevista do ministro da Fazenda, Guido Mantega, publicada na véspera pelo jornal "O Globo". Nela, Mantega disse que o governo pode elevar impostos de bens de consumo para compensar a alta de despesas como o reajuste nos benefícios do Bolsa Família. "Não é isso o que o mercado espera", disse Edemir. Nos últimos meses, seis planos de abertura de capital foram registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mas quatro já foram retiradas em razão da conjuntura brasileira.

Edemir calcula que há pelo menos 15 IPOs de grandes empresas represados e à espera de indicações relevantes do governo na área econômica e fiscal, e, inúmeras operações de empresas de pequeno e médio porte em compasso de espera.

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