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Mercado já precificou condenação de Lula; exterior serviria de colchão em caso de surpresa, dizem especialistas

23 jan 2018 - 16h53
(atualizado às 17h11)
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Os mercados financeiros brasileiros já precificaram ampla derrota de Luiz Inácio Lula da Silva no julgamento desta quarta-feira e que o colocaria mais longe da corrida eleitoral, segundo especialistas ouvidos pela Reuters.

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assiste reunião do Congresso Nacional em Brasília, Distrito Federal
13/12/2017 REUTERS/Adriano Machado
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assiste reunião do Congresso Nacional em Brasília, Distrito Federal 13/12/2017 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Por outro lado, uma decisão da segunda instância que abra ao ex-presidente leque maior de recursos deve se converter em dólar mais caro, apostas de juros maiores e quedas na bolsa de valores. Neste cenário, o ajuste só não seria maior não fosse o ambiente externo positivo nas principais economias do mundo.

"O que está na conta é três a zero, e isso aparece no quadro todo: se olhar juros mais para frente e expectativa para câmbio, é o quadro básico que está refletido no preço", afirmou o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.

O mercado espera que os três juízes federais da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal neguem o recurso de Lula contra sua condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na operação Lava Jato. Divergência entre os magistrados permite número maior de recursos.

Na hipótese de os três negarem o recurso de Lula, ainda que divergindo sobre o tempo de prisão, o dólar permaneceria no patamar atual, podendo até mesmo cair a 3,12 a 3,15 reais, de acordo com a ampla maioria dos economistas ouvidos pela Reuters.

Caso dois julgadores votem contra o recurso, mas um acolha a apelação do político, o dólar poderia valorizar um pouco mais, girando acima de 3,25 a 3,30 reais, e o principal índice da bolsa paulista desceria abaixo do recorde de 80 mil pontos atingido na semana passada.

Esse placar também empinaria a ponta longa dos contratos de juros futuros, para sinalizar que o mercado aposta em menor compromisso fiscal do ex-presidente, líder nas pesquisas de intenção de voto, em eventual retorno ao Planalto.

"Com placar de 2 a 1, teremos viés negativo em todos os ativos e vai se arrastar muito tempo", disse a economista da CM Capital Markets, Camila Abdelmalack.

Lula pode ficar inelegível, barrado pela lei da Ficha Limpa, caso condenado em segunda instância. Até a decisão final, no entanto, a defesa do ex-presidente tem vários recursos para adiar o processo e tentar evitar que, no dia dos registros das candidaturas, em 15 de agosto, Lula possa ser considerado inelegível.

ABSOLVIÇÃO

Um resultado a favor de Lula levaria a brusco ajuste nos preços dos principais ativos, como valorização do dólar, queda da bolsa, aumento dos juros futuros e mesmo subida do risco país, medido pelos Credit Default Swaps

"A absolvição, por qualquer placar, se coloca como um evento altamente improvável, um Cisne Negro, e representaria forte deterioração dos ativos nacionais", afirmou o operador Corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado.

Em números, analistas citam o dólar acima de 3,40 reais, o Ibovespa de volta aos 55 mil pontos e os contratos mais longos de juros futuros com alta de até oito pontos percentuais.

Apesar dos solavancos esperados em cenários para Lula que não agrade aos mercados, os movimentos deverão ser suavizados pelos cenário externo mais positivo, com maior recuperação da atividade global e políticas monetárias sem surpresas.

"O mercado melhorou muito nesse começo de ano. Tem uma sequência de eventos nos Estados Unidos que melhoraram, ativos de risco melhorando lá fora e aqui", acrescentou o economista-sênior do Banco Haitong, Flávio Serrano.

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