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'Mercado nem esperou para falarmos sobre desbloqueio de recursos', diz Haddad em Nova York

Desbloqueio gerou críticas do mercado, que aguardava aumento no congelamento de recursos

22 set 2024 - 21h51
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NOVA YORK - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o mercado 'nem esperou' as explicações sobre a redução no volume congelado no orçamento brasileiro, de R$ 15 bilhões para R$ 13,3 bilhões. Uma coletiva de imprensa está agendada para ocorrer nesta segunda, dia 23, para tratar do assunto, mas os dados foram divulgados na sexta-feira, 20, último dia do prazo legal para o governo enviar o Relatório de Receitas e Despesas do 4º bimestre ao Congresso Nacional.

"O mercado nem esperou a segunda-feira, a entrevista que vai ser dada. Mas quando nós abrimos os dados nós só temos boas notícias, tanto do lado da receita quanto do lado da despesa", disse Haddad a jornalistas.

Haddad: "Quando nós abrimos os dados nós só temos boas notícias, tanto do lado da receita quanto do lado da despesa”
Haddad: "Quando nós abrimos os dados nós só temos boas notícias, tanto do lado da receita quanto do lado da despesa”
Foto: Wilton Junior/ Estadao / Estadão

O desbloqueio de recursos desencadeou uma série de críticas entre economistas e operadores do mercado financeiro, que esperavam que o governo, ao contrário, ampliasse o volume de recursos congelados.

Sobre o aumento de juros no Brasil, o ministro da Fazenda afirmou que vê o movimento impactando as conversas com investidores estrangeiros nos EUA. Na sua visão, o novo ciclo de aperto monetário no país será 'temporário' e as taxas devem voltar a cair assim que 'as coisas entrarem nos eixos'.

"Na minha opinião, vai ser temporário (o aumento dos juros no Brasil) e nós vamos retomar em seguida, assim que as coisas estiverem nos eixos, vamos retomar a trajetória sustentável de queda de juros", avaliou o ministro.

Retomada do grau de investimento

Haddad reafirmou que espera que o Brasil avance mais um degrau em 2025 em seu rating pelas agências de classificação de risco, na busca pela retomada do grau de investimento. O País está a dois patamares de distância de recuperar o selo de bom pagador pelas três maiores classificadoras do mundo: Moody's, S&P e Fitch Ratings. "Ano após ano nós estamos superando os degraus que foram perdidos. Esse ano tivemos três boas notícias, o ano passado também, e o ano que vem nós esperamos mais um degrauzinho na busca do grau de investimento", disse ele.

Sobre a atração de recursos estrangeiros, o ministro da Fazenda afirmou que o primeiro ponto é a volta do crescimento no Brasil. "O Brasil estava há 10 anos sem crescer, produzindo déficits públicos. Nós vamos ter o melhor resultado em 10 anos, com exceção da maquiagem que foi feita em 2022, que envolveu calote e privatizações atabalhoadas e suspeitas", afirmou Haddad.

Na visão dele, o trabalho que o governo brasileiro tem feito tem contribuído para gerar confiança, sobretudo do empresário estrangeiro. "Esse investidor não tem partido no Brasil a não ser o próprio investimento. Não tem um alinhamento ideológico. Tem um alinhamento com as oportunidades que o Brasil oferece", concluiu.

Conversa com Emirados Árabes

Haddad afirmou que tratou de um acordo de cooperação mútua de 'mais alto nível' com os Emirados Árabes Unidos e a possibilidade de contrapartida de investimentos no Brasil. Mais cedo, ele se reuniu com o CEO do Alterra, Majid Al Suwaidi. O fundo conta com US$ 30 bilhões dos Emirados Árabes Unidos para investir em iniciativas que enderecem as mudanças climáticas. Os Emirados Árabes Unidos querem deixar de ser tratados pela Receita Federal do Brasil como paraíso fiscal, conforme Haddad. Nessa condição, estão sujeitos a uma tributação maior e também a regras de conformidade e transparência mais duras.

Para Haddad, a legislação brasileira é 'rígida' nesse sentido, porém não mais do que em outros países. A China também terá uma reunião bilateral com o Brasil no fim do ano com o mesmo objetivo, informou. "Nós estamos negociando uma saída para ter um acordo de cooperação [com os Emirados Árabes Unidos] que vai ter que passar por um crivo, inclusive do Congresso, que pode exigir uma alteração legal, mas desde que seja com benefício mútuo, não pode ser unilateral da parte do Brasil", explicou Haddad, a jornalistas, em Nova York.

O ministro disse que dentro das possibilidades de um acordo de cooperação no mais alto nível está a contrapartida de investimentos dos fundos soberanos dos Emirados Árabes Unidos em empresas brasileiras e no mercado financeiro brasileiro.

Segundo ele, o CEO do Alterra sinalizou interesse em investir no Brasil, mas a conversa não avançou a ponto de mencionar eventuais valores de aporte no País. "A questão da transformação ecológica sempre é a que mais chama a atenção", mencionou Haddad ao comentar setores de interesse dos Emirados Árabes Unidos no Brasil.

O ministro disse que o volume de investimentos anunciados no Brasil tem crescido, e que a agenda de transformação ecológica é uma 'vantagem competitiva' do País. "O Brasil está preparado para isso", disse. A transformação ecológica, inclusive, será o foco do discurso de Haddad em jantar, nesta noite, organizado pelo World Business Council for Sustainable Development - WBCSD), uma das entidades que integram o Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), em Davos, na Suíça.

"Vou falar aqui sobre o conjunto de leis que já foram aprovadas, regulatórias sobre hidrogênio verde, sobre biocombustíveis, enfim, todo o leque de ações dos vários ministérios em torno do plano de transformação", detalhou Haddad.

Ele também disse que espera que o projeto que regula o mercado de crédito de carbono no Brasil saia ainda este ano.

Estadão
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