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Mercado vê incerteza na indústria de metais, que pós-tarifaço encolhe R$ 26 bi na Bolsa

A Vale tem desvalorização de R$ 19,79 bi em 2 dias; e a Gerdau, de R$ 2,13 bi; a percepção é de que acordo entre a China e os EUA está distante, o que pode desacelerar a economia mundial

4 abr 2025 - 18h01
(atualizado às 18h59)
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Se o tarifaço global de Donald Trump fez um estrago no dia seguinte ao seu anúncio, a percepção de analistas é de que o setor mínero-metalúrgico no Ibovespa (o principal indicador da B3, a Bolsa de São Paulo) deve sofrer ainda mais agora que o governo da China decidiu retaliar os americanos. A soma das perdas de todas as companhias desse segmento no índice chegou a R$ 25,92 bilhões entre quinta, 3, e sexta-feira, 4 ? somente a Vale com uma perda acumulada de R$ 19,79 bilhões em dois dias. Em seguida vem a Gerdau, com baixa de R$ 2,13 bilhões.

O movimento acontece em função das incertezas que se instalaram no mercado mundial após os movimentos de protecionismo feitos pelas maiores economias do mundo.

Após os EUA anunciarem tarifas de 34% aos produtos chineses, a China informou que vai impor taxas também de 34% sobre todos os itens importados dos Estados Unidos. O governo chinês informou que as tarifas passarão a valer a partir da próxima quinta-feira, 10. Haverá ainda controles sobre a exportação de minerais críticos e matérias-primas para a produção de chips.

"A percepção do mercado é de que estamos mais distantes de um acordo entre os dois países", diz o analista de commodities (matérias-primas em dólar) da Genial, Igor Guedes. "É um sentimento muito negativo da amplitude da guerra comercial e de medo de uma recessão global provocada pelo impacto das desacelerações dos dois países."

Mina de cobre da Vale; desaceleração chinesa pode diminuir a demanda por commodities
Mina de cobre da Vale; desaceleração chinesa pode diminuir a demanda por commodities
Foto: Daniel Teixeira/Estadão / Estadão

Na leitura do BTG Pactual, a intensificação das tensões comerciais entre EUA e China pode resultar em uma desaceleração mais acentuada da economia chinesa, o que reduziria a demanda por produtos brasileiros e os preços internacionais de commodities.

Segundo Guedes, o tarifaço de Trump deve diminuir as exportações chinesas, que era, até então, a saída econômica do país para manter a estimativa de crescimento econômico de 5% este ano.

"O que o governo chinês vem fazendo é se apoiar nas exportações, para tentar compensar a economia doméstica enfraquecida", afirma. "A China desacelerando mais rápido e exportando menos, não sustenta produção de aço e, no momento que a siderurgia perde representatividade, a demanda por minério cai e impacta a Vale."

'É como se estivesse ocorrido estouro de barragem'

Guedes ressalta que o preço da ação da Vale no pregão desta sexta-feira, 4, está próximo do valor da mineradora após o desastre da barragem de Córrego do Feijão, em Brumadinho, em 2019. "Naquela época, chegou a R$ 49. O mercado está precificando como se estivesse ocorrido um estouro de uma barragem e isso é ruim."

Segundo a XP, as tarifas relativamente mais altas para a China e países asiáticos podem elevar os riscos associados às tendências gerais de exportação de minério de ferro para o mercado chinês.

"O anúncio das 'tarifas recíprocas' de Trump gerou instabilidade no comércio internacional em todo o mundo, adicionando ao cenário incerto para as principais economias, commodities e mercados de ações", diz a XP em relatório.

Para a corretora, as eventuais quedas de exportação de aço da China podem implicar uma produção siderúrgica menor e, consequentemente, vendas externas de minério de ferro para o país. "Portanto, vemos implicações potencialmente negativas para a Vale e a CSN Mineração."

O economista e CEO da iHUB Investimentos, Paulo Cunha, observa que tudo o que afeta a China afeta a Vale. "Commodities de energia também sofrem muito, e há uma grande incerteza quanto ao futuro do comércio global em geral e em quanto tempo pode durar isso", aponta.

A incerteza, contudo, está longe do fim. Roberto Uebel, professor de Relações Internacionais da ESPM, diz que o mercado só terá uma clareza maior do tempo dessa guerra comercial a partir da semana que vem.

"O mercado está esperando para ver se haverá uma resposta política, como os governos, além da China, vão responder a essa guerra tarifária", afirma. "Vamos começar a sentir o mercado na semana que vem."

Para Aço Brasil, agora a defesa do País é ainda mais necessária

Para o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, as tarifas recíprocas anunciadas pelos EUA nesta semana deveriam "acender um alerta" para possíveis novos fluxos de produtos que antes era direcionados ao país norte-americano e que, agora, podem buscar mercado no Brasil.

Na sua visão, a mudança não deve redirecionar produtos chineses, que já enfrentavam taxação nos EUA e, por isso, já exportavam menos aço para o país do presidente Donald Trump. No entanto, outras nações, como o Vietnã, podem começar esse movimento. O que, na visão do Aço Brasil, seria preocupante.

"A defesa comercial tem de ser vista como algo prioritário", afirma Lopes. Ele lembra que, na investigação de dumping do aço fino laminado a frio, que apontou a prática de dumping, o governo optou por não estabelecer taxas até o fim do processo. Para ele, esse é um indicativo de falta de urgência com o tema. /Com Talita Nascimento

Estadão
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