Mercosul pode ter livre comércio já em 2014, diz ministro
Se depender do governo brasileiro, a América do Sul vai tornar-se uma das maiores zonas de livre comércio do mundo já no final de 2014. A proposta para a supressão total das barreiras alfandegárias no continente foi apresentada pelo Brasil no último mês de outubro, durante reunião ministerial do Mercosul, em Caracas.
“O Brasil fez uma proposta para o Mercosul acelerar o processo de desgravação de tarifas com os países da América do Sul”, disse o ministro do Desenvolvimento, Indústria e do Comércio Exterior, Fernando Pimentel, durante entrevista exclusiva ao Terra, em Paris, onde esteve até esta quinta-feira, em visita oficial.
Segundo Pimentel, a proposta foi bem recebida pelos países do Mercosul, que, anteriormente, previam o fim dos impostos sobre o comércio com os sul-americanos para o final de 2019. "Se for aceito, vai ser a seguinte realidade: no final de 2014, os países do Mercosul comercializariam produtos com todos os países da América do Sul sem tarifa. Tanto para exportar quanto para importar."
Somente no ano passado, os intercâmbios comerciais entre o Brasil e a América do Sul totalizaram cerca de US$ 70,6 bilhões, com um saldo positivo de US$ 9,6 bilhões, para o País. “Estamos abrindo as portas, e não estamos colocando empecilho à exportação de qualquer produto dos nosso vizinhos”, explicou o ministro. Para ele, adiantar a abertura do mercado no continente será um grande aprendizado para futuras negociações.
“Se (os países sul-americanos) concordarem, vamos ter um mercado comum muito interessante, que é um pouco a preparação para depois avançarmos com acordos mais ambiciosos, tanto com a União Europeia quanto com os Estados Unidos”, disse o ministro.
UE e EUA
Em relação ao bloco europeu, Pimentel informou que em dezembro entregará as propostas brasileiras para o tão esperado acordo bilateral entre Mercosul e União Europeia. O ministro pretendia fazer isso durante sua visita à França, mas os europeus pediram mais um mês para acertarem os últimos detalhes em seu texto.
Já um acordo bilateral com os Estados Unidos parece mais difícil no momento atual. Desde a revelação de que, em sua ânsia por informações, os americanos espionaram até mesmo as comunicações da presidente Dilma Rousseff, as negociações foram revistas. “Com essa confusão toda, (as relações com os EUA) ficaram meio paralisadas. Não acho que houve retrocesso, mas também não houve avanço. Deu uma paralisada”, comentou o ministro.
Efeito Eike
Pimentel também falou sobre o pedido de recuperação judicial feito pela OGX, petroleira do empresário Eike Batista, e a situação financeira delicada de outras empresas do grupo do ex-bilionário, o EBX. “O grupo do Eike não traz nenhum risco para o BNDES. As garantias são boas e a exposição era muito reduzida”, disse Pimentel. Para o ministro, é preciso relativizar um pouco quando se fala sobre riscos de calote a empréstimos concedidos pelo banco estatal. “Se exagerar, o Brasil para”, afirmou Pimentel.