Adega ganha prêmio vendendo vinho na terra do tereré
Empresário de Campo Grande continuou a investir mesmo após o negócio passar por dificuldades
Criar uma empresa para vender exclusivamente um produto que sua região não consome com frequência é algo ousado. Insistir no rumo, mesmo com o negócio mostrando dificuldades, já beira a imprudência. Mas foi isso o que fez o administrador Diogo Wendling. Em Campo Grande, onde a bebida típica é o tereré (uma variação do chimarrão), ele montou a adega Território do Vinho – que, depois de problemas iniciais, vem crescendo 30% ao ano e acaba de ganhar um prêmio de competitividade concedido pelo Sebrae, pelo Movimento Brasil Competitivo e pelo Grupo Gerdau.
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Wendling jamais havia lidado com a bebida até 2006, quando foi morar um tempo na Califórnia para aperfeiçoar seu inglês. Lá, trabalhou em alguns restaurantes como garçom, e começou a tomar gosto pelo assunto. “Resolvi fazer alguns cursos para me aprofundar na área, e acabei me graduando em viticultura. Depois, tive a ideia de montar um plano de negócios com um sócio norte-americano, para produzir vinhos em países como Chile e Argentina e vender para o Brasil”, relata.
Ao procurar parceiros, porém, convenceu-se de que, antes de dar um passo tão grande, seria importante conhecer melhor o mercado brasileiro. Nasceu assim a ideia de criar a Território do Vinho. “Escolhi Campo Grande por ser minha cidade natal. Na época não existia quase nada voltado para essa cultura por aqui. Acreditei que era uma boa oportunidade e resolvi investir.”
A casa abriu em maio de 2010, com 500 rótulos e um pequeno espaço para degustação de queijos. Foi um sucesso. Passados os meses de frio, no entanto, o movimento despencou. Wendling e seu sócio tiveram de rever o plano de negócios.
“Ou a gente reformulava as coisas para enfrentar a sazonalidade, ou teríamos de fechar. Então eu peguei capital em um banco, fiz uma reforma e montamos uma área externa, acrescentando outros tipos de bebida e uma cozinha para vender risotos”, afirma. As medidas ajudaram a aumentar o movimento e a atrair também aqueles que não eram fãs de vinho. Outra estratégia foi ministrar cursos e realizar eventos sobre o tema, para popularizar a enologia na capital sul-mato-grossense.
Após três anos de operação, porém, o negócio voltou a enfrentar dificuldades. Preocupado, Wendling procurou apoio do Sebrae, que o orientou a aumentar o mix de produtos, melhorar a gestão e aumentar o número de lugares do estabelecimento para reduzir o custo proporcional.
“No momento de maior dificuldade, aluguei um novo local, em um bairro mais nobre, e expandi a capacidade de 40 para 100 lugares. Além disso, trouxemos especialistas de São Paulo que elaboraram nosso cardápio e carta de drinks, e treinaram todo o pessoal por dois meses”, diz. Assim, a Território do Vinho foi reinaugurada como uma “adega gourmet”, focando não apenas no derivado da uva, mas também em gastronomia e coquetéis.
Deu certo. Até hoje a casa fica lotada com frequência. “Nós atendemos 3,5 mil clientes por mês, e vendemos 1,5 mil garrafas. Além disso, reduzimos nosso custo fixo em 30% e aumentamos a margem de lucro de 3% para 25%”, resume.
Tecnologia
Para Wendling, um dos motivos para o sucesso da casa é a aposta na inovação. Entre as novidades trazidas pelo espaço está uma máquina importada dos Estados Unidos que conservar as garrafas abertas por até 60 dias, permitindo que a bebida seja servida em taças para os clientes que não estão dispostos a comprar a garrafa inteira.
“Também temos um aplicativo de sommelier eletrônico, no qual você indica as coisas que gosta de comer e o quanto está disposto a pagar, e o programa apresenta algumas indicações de vinho para o seu paladar e bolso. Isso tem feito muito sucesso e está ajudando a aumentar o movimento”, afirma.