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Aos 10 anos, Nubank busca alta renda e quer ser "money platform"

Plano do Nubank não é ser uma carteira, mas o banco de relacionamento do brasileiro, segundo seu fundador, David Vélez

19 mai 2023 - 17h01
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Surfando a onda dos bons resultados financeiros no momento em que completa 10 anos, o Nubank começa a dar os passos que prometem definir sua próxima década de evolução. No roteiro estão a busca pelos clientes de alta renda e o posicionamento como uma "money plataform", com diferentes opções para atender as necessidades dos clientes.

David Vélez, CEO e fundador do Nubank
David Vélez, CEO e fundador do Nubank
Foto: David Vélez, CEO e fundador do Nubank / Startups

"Se na nossa 1ª década nossa meta era criar um banco no bolso de cada brasileiro, na nossa 2ª década é ter um personal banker e um banco no bolso de cada brasileiro", disse David Vélez, CEO e fundador do Nubank ao Startups, hoje pela manhã durante evento na sede da companhia em São Paulo para comemorar o aniversário do neobanco. Perguntado se, em bom português, essa nova proposta não seria simplesmente se tornar um banco completo como os incumbentes que ele sempre se dispôs a combater, Vélez disse que não. "Hoje a gente tem licenças financeiras de banco, é regulado, tem capital requirido. Toda o requerimento de banco a gente tem. Mas o jeito que a gente executa essa visão é como uma empresa de tecnologia", argumentou.

De acordo com o fundador, essa oferta será construída com produtos próprios do Nubank, mas também pela distribuição de produtos de outras instituições inclusive grandes bancos. Hoje o aplicativo do Nubank já tem um marketplace para compra de produtos que conta com 140 marcas.

Outro ponto que a companhia pretende explorar é a presença além do seu tradicional aplicativo. O atendimento e interação poderão ser feitos em diferentes dispositivos e situações. De acordo com Vélez, essa expansão será possível por meio do uso da inteligência artificial. "A IA é nova mudança de plataforma que vai ser mais tranaformacional que a internet e que vai acontecer mais rápido que as outras porque depende de softwre e não de hardware", disse.

Mais frequência de uso

Aumentar as ocasiões de uso é um passo importante para o Nubank em sua trajetória de crescimento. Nascido como um cartão de crédito sem anuidade, o Nubank evoluiu para uma conta, adicionou cartão de débito e hoje já tem criptomoedas, conta para empresas, crédito consignado e seguros. De acordo com Cristina Junqueira, cofundadora e CGO, ano passado foram 25 lançamentos. Só nos primeiros 5 meses de 2023 foram 10.

Segundo Guilherme Lago, diretor financeiro do Nubank, hoje a receita média por cliente está na faixa dos US$ 8, mas em alguns recortes de perfis de clientes o valor chega a US$ 22. O que por si só já abre uma oportunidade de crescimento. Mesmo o número mais alto, no entanto, é a metade da média do mercado, então o caminho é ainda mais longo - e a oportunidade ainda maior.    

Além de mais ofertas, o aumento da receita por cliente passa por uma busca mais ativa pelos clientes de alta renda. O público é atendido pelo Nubank há dois anos, desde o lançamento do cartão Black da instituição, o Ultravioleta. Segundo Cristina, este segmento foi o que apresentou mais cresceu em faturamento no último trimestre por conta da maior adoção e do amadurecimento das políticas de crédito.

Sem dar detalhes, ela disse que o plano é incluir mais ofertas para esse perfil de cliente. Mais do que isso, o Nubank vai adotar um tom de comunicação mais sério. Em junho, inclusive, a marca estará no intervalo do Jornal Nacional, um dos espaços mais caros da publicidade brasileira.  

Boa onda

A comemoração dos 10 anos do Nubank acontece no momento em que a companhia tem apresentado resultados bastante positivos. No balanço do 1º trimestre, o lucro líquido ajustado ficou em US$ 182,4 milhões, 18 vezes mais que o apurado um ano antes. A receita dobrou, para US$ 1,6 bilhão. Nos primeiros 3 meses do ano, foram 4,5 milhões de clientes adicionados. Com o bom desempenho, o segundo resultado positivo em sequência, a ação do Nubank, que foi castigada ao longo do ano passado, já valorizou 50%.

Durante o evento de hoje manhã, os executivos do Nubank destacaram o tempo todo o quão eficiente a companhia é por ter baixo custo de aquisição de clientes e índices de inadimplência menores que a média do mercado. "Somos donos do nosso próprio destino", disse Vélez se gabando da posição financeira confortável da companhia - com mais de US$ 2 bilhões de caixa disponível - e por não precisar passar o chapéu para captar dinheiro de venture capital para tocar seus planos. "Esse jogo acabou", desabafou.

Com 80 milhões de clientes, o Nubank tem operação no Brasil, no México e na Colômbia. De acordo com Vélez, nos próximos dois anos não há planos de ampliar essa presença. Mas para a próxima década, o mapa da região deve ganhar mais cores roxas. A expansão, no entanto, pode não se restringir só à América Latina. Sem dar detalhes de possíveis destinos, Vélez disse que não descarta, inclusive operar nos EUA.

De acordo com Cristina, as operações no México e na Colômbia estão crescendo a ritmos muito mais acelerados do que o Brasil registrou no mesmo período, e estão se tornando mais completas mais rapidamente também - já que agora o Nubank já tem os produtos desenvolvidos. Para ela, o México pode apresentar uma taxa de uso do roxinho maior do que a do Brasil por que o país ainda está muito atrás na adoção de cartão de crédito, o que abre espaço para o Nubank ganhar uma fatia mais relevante do mercado.

O Brasil, no entanto, deve se manter como o carro-chefe do neobanco. Segundo Vélez, o potencial é de crescer a base de clientes em 5x nos próximos anos. "Em 2033 espero ter todos aqui falando dessa última década e de como a gente converteu a plataforma de banco digital na maior e mais influente money plataform do mundo", finalizou Vélez.

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