O que discursos históricos podem ensinar sobre oratória?
Porque os discursos de John F. Kennedy e Martin Luther King ficaram marcados na história.
Olá, Speaker!
Uma das melhores formas de desenvolver uma boa oratória é assistindo e analisando a fala de bons comunicadores. Hoje, como praticamente tudo está disponível na web, é bem mais fácil recuperar discursos que fizeram história e que continuam sendo bastante inspiradores.
Sempre gosto de ressaltar a enorme diferença que existe entre os norte-americanos e os brasileiros no que diz respeito à relação com a oratória. Se bem é verdade que, atualmente, todas as pessoas (independente do país) precisam investir em suas habilidades de comunicação, os norte-americanos fazem isso desde muito cedo e têm a oratória muito mais enraizada na própria cultura do que a gente.
Para a nossa conversa de hoje, separei alguns discursos históricos em inglês, destacando em que podemos nos inspirar para melhorar a nossa própria comunicação. Confira!
Martin Luther King - "Eu tenho um sonho” (1963)
Esse talvez seja um dos discursos mais famosos de toda a história e não é à toa que ele está presente na memória de tantas pessoas ao redor do mundo. O discurso de Martin Luther King não é só um dos mais inspiradores que já ouvimos, mas também uma verdadeira aula de como fazer boa comunicação.
O discurso de Luther King nasce de um contexto importante na história dos Estados Unidos: no final da década de 1960, quando as manifestações em prol dos direitos civis estavam borbulhando no país.
Por que o discurso de King é tão potente?
Poderíamos passar horas comentando e analisando esse ícone dos discursos, já que, realmente, a fala de King é certeira em todas as escolhas comunicacionais que fez. Para resumir, algumas das características da fala de King que fazem desse discurso um dos mais conhecidos e importantes do mundo são:
- A capacidade de falar de si e, ao mesmo tempo, de todos. Quando cito o nome de King, posso apostar que, quase imediatamente, aparece na sua cabeça a frase “eu tenho um sonho”, certo? Pois bem, essa frase – focada no “eu” – é o marco de um discurso que fala, sobretudo, do coletivo. Para perceber isso, basta observar esse trecho: “Eu tenho um sonho que um dia essa nação irá se levantar e viverá o verdadeiro significado da sua crença”.
- Simplicidade: King, assim como outros grandes comunicadores, opta pelo simples. Ainda que o conteúdo da sua mensagem seja bastante complexo, ele utiliza uma linguagem acessível, mesclando substantivos concretos e abstratos para transmitir as suas ideias e argumentos.
- Alta carga de emoção: a fala de King é uma fala apaixonada. E falar com paixão e entusiasmo é um item importante para uma boa oratória. Quando nos apresentamos em público, temos como objetivo transmitir algo inspirador e útil para as pessoas e uma forma eficaz para fazer isso é mostrando a própria emoção.
Assista aqui ao discurso de King.
John F. Kennedy - "Nós escolhemos ir à lua” (1961)
Outro grande discurso norte-americano é a fala de John Kennedy sobre a decisão de investir em uma viagem especial à lua. O contexto, assim como o do discurso de Luther King, era importantíssimo para a história: em plena Guerra Fria, quando, entre muitas outras disputas, os Estados Unidos competiam sutilmente (ou não) com a então União Soviética por quem tinha o melhor programa espacial.
O assunto do discurso de Kennedy é, por si só, MUITO interessante, convenhamos. Afinal, não é todo dia que as pessoas escutam sobre viagens à lua. Ainda assim, a oratória de Kennedy merece ser analisada, já que, ao optar por técnicas bastante eficazes, coroou uma fala histórica.
O que há de inspirador no discurso de Kennedy?
- O discurso é universal: o tema da fala de Kennedy está bastante definido e é a viagem à lua. No entanto, a mensagem transmitida nessa fala pode inspirar praticamente qualquer tipo de situação. E isso – essa capacidade de inspirar o coletivo – é sinal de uma oratória potente e bem elaborada. Para notar isso, basta prestar atenção ao que Kennedy fala sobre desafios e escolhas, por exemplo.
- As frases são estruturadas de forma simples: de modo similar ao que vimos no discurso de Luther King, John Kennedy também optou pelo simples. A diferença é que o político, além de usar palavras simples, utilizou estruturas de frases da forma mais clara e menos complexa possível.
As orações mais simples (e que aprendemos nos primeiros anos de escola) são feitas assim: sujeito + verbo + complemento, em ordem direta. O discurso de Kennedy obedece a essa estrutura, o que faz com que seja rapidamente assimilado pelo público.
- Senso de urgência: o contexto do discurso, como vimos, era a Guerra Fria. Portanto, a necessidade de inspirar e convencer as pessoas sobre determinada ideia era urgente. Uma das formas de lidar com essa urgência é usar pronomes demonstrativos que remetem ao presente, como “esta década”, “este país”, “este objetivo”...
Nas suas próximas apresentações, vale a pena usar essa técnica, que é simples, mas muito eficaz.
Assista aqui ao discurso de Kennedy.
Fontes: