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Com estudo, mulher supera homem em novos negócios

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O maior número de anos de estudos e as inovações tecnológicas que permitem trabalho em casa estão impulsionando o empreendedorismo feminino no Brasil. Uma pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor em parceria com o Sebrae revela que as mulheres já são a maioria (52%) dos novos empreendedores, aqueles que abriram seu negócio há menos de três e meio.

Não é por acaso que essa leva recente é mais escolarizada – 49% tem pelo menos o segundo grau completo, contra 41% entre os que estão há mais tempo no mercado. Esse incremento no perfil dos empresários tem ligação direta com predominância feminina. Os dados mais recentes do IBGE mostram que, quanto mais se sobe a escada dos anos de estudo, maior a presença de mulheres: elas representam, por exemplo, 58% dos brasileiros que passaram 15 anos ou mais na sala de aula.

“Na última década, as mulheres ganharam espaço no mercado de trabalho e alcançaram posições de poder na política. É natural que essa conquista do espaço feminino na sociedade se repita também no empreendedorismo”, comenta o presidente do Sebrae, Luiz Barretto. “As mulheres estão investindo em qualificação, buscam acesso às informações, não permitem amadorismo.”

Um exemplo é Sandra Matunoshita, proprietária da SOS Alergia, de Marília (SP), finalista do Prêmio Mulher de Negócios. “Acreditava que podia abrir a loja, mas fui buscar socorro, fui fazer faculdade de Tecnologia de Alimentos, procurei palestras e consultorias. Quando você acha que sabe tudo, quebra a cara”, afirma.

A pesquisa apontou ainda que a natureza da motivação para abrir um negócio também mudou. “As mulheres não empreendem apenas para complementar a renda da família ou como passatempo. Cada vez mais, abrem empresas por identificar uma oportunidade no mercado”, aponta Barretto. Essa é a razão citada por 66% dos entrevistados pelo levantamento do Global Entrepreneurship Monitor.

Foi o que aconteceu com Sandra. Alérgica à proteína do leite desde bebê, ela viu na sua limitação um nicho de investimento. “Trabalho há dez anos para pessoas que, assim como eu, têm alergia. Além da alergia alimentar, o nosso foco são produtos para a alergia de contato, respiratória e de picada de inseto”, explica.

No seu nicho, avalia, ser mulher ajudou: os clientes são, majoritariamente, mães. “Elas vêm em busca de produtos para crianças com alergia. Muitas vezes, chegam aqui deprimidas e ficam um hora desabafando. A gente escuta e aconselha, e isso passa uma boa imagem da empresa.”

A relação com a família pode explicar também o fenômeno das mães-empresárias. O movimento é encabeçado por mulheres que optam por trabalhar em casa ou ter jornadas mais flexíveis de trabalho para que possam participar mais da vida dos filhos. Novas tecnologias, como a internet, ajudaram a alavancar esse movimento, já que é possível fazer negócios de qualquer lugar – e ainda manter o filhote no colo durante o processo.

“A mulher está buscando algumas questões, como ganhar mais que um salário fixo. Muitas vezes, ela quer a flexibilização do horário e poder trabalhar dentro de casa. Assim, elas podem esperar o marido chegar para ficar com as crianças para atender o cliente”, diz a vice-presidente da Associação de Mulheres Empreendedoras, Karina Boner. “Algumas delas vendem bijuterias que fazem de madrugada ou na hora do almoço. A partir dessa experiência, veem se dá certo viver só disso.”

O ideal, porém, é que a empreendedora estabeleça horários rígidos, segundo Barretto. “Não se deve misturar os horários dedicados ao trabalho para tratar de questões familiares, exceto, evidentemente, em uma situação de emergência. No final das contas, se essa empresária se organiza devidamente, sobra mais tempo para ele se dedicar à família e à vida pessoal.”

Para as donas do próprio negócio, à dificuldade já bem conhecida de conciliar o trabalho com a dupla jornada junta-se outra: o preconceito. “Muitas mulheres precisam superar a desconfiança dos familiares, fornecedores e parceiros comerciais, para buscar espaço num mercado cada vez mais competitivo. Elas têm que ultrapassar uma barreira cultural e social”, observa Barretto. “Por isso, o fundamental é se preparar por meio de cursos e capacitações sobre gestão empresarial.”

Fonte: PrimaPagina
Fonte: Terra
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