Com truques simples, oficina de SP reduz em 70% uso de água
Mecânica na região da capital usa água da chuva e muda telhas para economizar com água e luz
Em tempos de racionamento de água, como ocorre em alguns municípios do Sudeste, muitos empresários estão improvisando para poupar o recurso. Mas uma oficina mecânica de Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, está menos preocupada: incorporou medidas de redução de consumo bem antes da atual crise hídrica. Como resultado, não apenas está enfrentando a situação sem maiores problemas, como também tem ganhado pontos juntos à clientela.
Trata-se da Mecânica Chiquinho, comandada por Francisco Severiano Alves, que trabalha no ramo desde os 16 anos e levou uma década até conseguir montar seu próprio negócio. Desde o início da operação, incorporou a preocupação com o meio ambiente. “A gente já separava o material para ser reciclado. E os contaminantes – como óleo, estopas, papelão – eram mandados para uma empresa especializada no tratamento desse tipo de resíduo”, lembra.
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Em 2002 a mecânica se mudou para um prédio próprio. Na época, sofria constante falta de água, apesar das fortes chuvas que caíam na região. “Pesquisei uma forma de armazenar chuva. Reformamos o telhado para que as calhas escoassem a água para uma caixa d’água de 500 litros. Deu tão certo que pouco depois instalamos uma com o dobro da capacidade, e hoje contamos com um reservatório de 15 mil litros”, afirma.
O líquido armazenado, não potável, é usado para lavar peças, limpar as instalações da oficina e dar descarga nos banheiros. Além disso, Chiquinho orienta seus funcionários a serem econômicos, de modo que o reservatório é suficiente para abastecer a demanda de água do estabelecimento. “Desde quando estalamos este sistema, nossa conta caiu cerca de 70%, e o investimento foi recuperado em menos de um ano.”
Telhas translúcidas
Outra medida de economia também surgiu como necessidade. Chiquinho verificou que as contas de luz estavam vindo altas. A oficina era escura mesmo durante o dia, o que levava os funcionários a deixar as lâmpadas acesas. A saída para cortas gastos foi investir em telhas transparentes.
“Começamos com uma, e hoje temos quatro. Além disso, trocamos todas as nossas lâmpadas por modelos econômicos e instalamos sensores de movimento para que elas acendam. Com isso, o valor das contas caiu cerca de 60%”, diz.
A oficina também passou a ganhar projeção graças à repercussão na imprensa local e à indicação de clientes que aprovaram as medidas adotadas. “A procura aumentou ainda mais com o agravamento da crise hídrica. Nos últimos tempos, passamos a ser visitados até por alunos de Etecs e Fatecs, que querem conhecer nosso projeto”, comemora Chiquinho.