Conheça a Liquid Death, a água mineral que é quase um unicórnio
Startup norte-americana acabou de levantar uma rodada de US$ 70 milhões, ultrapassando os US$ 700 milhões em valor de mercado
Quando você pensa em startups unicórnio (ou próximas de se tornar um), uma empresa de água mineral não é bem o que você tem em mente, não é mesmo? Então é melhor pensar de novo, pois a norte-americana Liquid Death está tomando o mercado ianque de assalto e acabou de levantar uma rodada de US$ 70 milhões, ultrapassando os US$ 700 milhões em valor de mercado.
A rodada da startup californiana (de Santa Monica) foi liderada pelo fundo de impacto Science Ventures, com a participação da gigante do entretenimento Live Nation, e também contou com celebridades como o grupo de dance music Swedish House Mafia e o comediante Whitney Cummings.
Tá, mas e daí? O que essa Liquid Death (morte líquida, em português) tem de tão marcante? Bem, se você acompanha o mercado norte-americano, ou pelo menos alguns seriados como o sucesso da Amazon Prime Video The Boys, a Liquid Death vem tomando de assalto o cenário de bebidas com sua abordagem ativista.
A empresa, que além de água mineral, vende bebidas saborizadas à base de água, utiliza latas de alumínio reciclável, algo bem amigável ao meio-ambiente.
Essa postura também se sustenta com um marketing agressivo e inusitado para uma marca de água mineral, que vai desde o slogan - "murder your thirst" (assassine sua sede) - até o design das latas, que mais parece uma embalagem de cerveja do que de água. As peças comerciais também são um caso à parte, utilizando uma linguagem jovem, e um discurso "mau humorado" para criticar o uso de garrafas de plástico na indústria de bebidas.
É uma abordagem bem diferente do que faz a Just Water, outra marca ativista do mercado ianque. Criada pelo filho do ator Will Smith, Jaden, a empresa utiliza embalagens de papel para envasar água, e tem um marketing mais "good vibes", em vez do jeito punk rock da Liquid Death. Contudo, com seu jeitinho, a Just Water não emplacou tanto e está apagada no mercado - ela chegou a entrar no mercado brasileiro em 2019, sendo comercializada em algumas lojas da rede Pão de Açúcar, mas não é mais encontrada.
Segundo o cofundador e CEO da Liquid Death, Mike Cessario, é este jeito de ser meio politicamente incorreto a favor do politicamente correto que está conquistando milhares de fãs, e com isso a empresa espera fidelizar seus clientes contra a concorrência de gigantes do mercado de bebidas, como a PepsiCo e outras.
Com a rodada recebida, o plano da startup é chegar a novos mercados globais, começando pela Europa no início do ano que vem. Em 2022 a empresa espera um faturamento de US$ 130 milhões, quase o triplo dos US$ 45 milhões que teve em receita no ano passado. Com o ritmo acelerado de crescimento, a companhia deve bater à porta do "clube dos unicórnios" muito em breve, e o CEO já está pensando em um CEO, conforme reporta a Bloomberg.
No Brasil, o mercado de água mineral com "conceito" também tem alguns players querendo conquistar o mercado. Com um modelo de embalagem semelhante à da Just Water, a paulistana Água na Caixa chegou a conquistar adeptos entre os "faria limers" mais engajados ambientalmente. Outra que também utiliza o papel como embalagem, a A9, produzida pela Poty, chegou a ser a água oficial do GP da Fórmula 1 em São Paulo no ano passado.
Outra marca brasileira que está ganhando aos poucos sua base de fãs é a Mamba Water, que por sua vez tem a Liquid Death como sua inspiração. Parte do grupo Better Drinks (de marcas como Baer-Mate e Vivant), a Mamba entrou no mercado este ano, trazendo consigo um foco concentrado na mensagem ambiental e investidores famosos como o surfista e ex-BBB Pedro Scooby.