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Do IPO ao desmanche: Merqueo sai do Brasil e mira possível fim

Empresa desligou operações no país em julho, deixando pagamentos a funcionários e fornecedores em aberto

31 jul 2023 - 14h53
(atualizado às 17h02)
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No fim do ano passado, noticiamos aqui no Startups sobre o pedido de IPO da Merqueo, uma tentativa da startup colombiana de delivery de compras de equilibrar suas contas e conter a queima de caixa inerente seu modelo de negócios. Pois bem, corta para julho e o cenário para a companhia se deteriorou: na surdina, a companhia desligou a sua operação no Brasil e, segundo fontes, está em busca de um comprador para a operação em sua terra natal. A companhia já tinha fechado sua operação no México em junho/22.

Merqueo
Merqueo
Foto: Merqueo. divulgação / Startups

Em conversas com ex-colaboradores da empresa, a reportagem do Startups apurou que a Merqueo desligou seu app no Brasil no dia 7 de julho, um dia após comunicar seus 119 funcionários sobre o fim da operação local, iniciando o processo de demissão em massa.

"No fim de junho o app já estava com centenas de itens sem estoque, e no início de julho desligaram o app e o site. Todos (os funcionários) foram desligados de uma só vez e cerca de 5 pessoas ficaram para finalizar algumas vendas de ativos", revelou uma fonte. Se você entrar agora no site da Merqueo, ao clicar na aba "Brasil", não verá mais nenhuma opção de cidade para encomendar produtos.

Segundo apurou o Startups, desde janeiro a Merqueo já estava com problemas para pagar os fornecedores no Brasil, e em abril suspendeu todos os pagamentos. "Em maio e junho pararam de chegar as mercadorias, e daí pra frente foi só escoando todo o estoque", afirmou uma das fontes.

Em junho, a companhia também atrasou o pagamento de seus funcionários, o que culminou no final da operação no começo de julho, e até agora os funcionários desligados estão esperando o pagamento de suas rescisões.

De acordo com ex-funcionários, a startup acumulou mais de R$ 3 milhões em dívidas com fornecedores, um montante que provavelmente não deverá ser pago com o valor levantado com a venda de ativos. "Fora isso tem todos pagamentos de direitos trabalhistas. Eles não pagaram as rescisões", afirmou uma fonte ouvida pelo Startups. "Não existem ativos nesse valor acumulado. Só sobraram porta-pallets, geladeiras, câmara fria, pallets e caixas", completou.

Do IPO ao desmanche

Toda empresa fala que quer fazer um IPO em algum momento. Mas FAZER um IPO de verdade não é para qualquer um. No fim do ano passado, a Merqueo enviou documentação para a comissão de valores mobiliários dos Estados Unido, a SEC, para iniciar o seu processo de listagem.

Na época do anúncio, o plano da empresa colombiana era o de equilibrar o caixa e aumentar seu poder de fogo frente a rivais como Rappi, Justo e Daki em uma perspectiva regional, e com o iFood no Brasil. Caso tivesse seguido adiante, seria a primeira empresa de delivery da região a entrar na bolsa dos EUA.

No final das contas, a oferta pública não saiu da intenção. "Foi adiado diversas vezes, mas até o desligamento não foi bem-sucedido", afirmou uma fonte. "Estavam sem grana e foram até as últimas consequências. Tanto Brasil quanto Colômbia estavam com salários atrasados", completou.

Em busca feito no site da SEC, o Startups achou um prospecto de IPO datado de março. Isso mesmo, 4 meses atrás. Afinal, vai que cola, né.

O material mostra um pouco do que pode ter assustado possíveis investidores na companhia. Em 2022, a Merqueo teve receita de aproximadamente US$ 28 milhões, uma queda de 35% na comparação com o ano anterior. A companhia também apresentou um prejuízo operacional de quase US$ 32,5 milhões, ou 31% a mais que um ano antes e, na última linha, teve um rombo 80% maior, chegando a US$ 61,2 milhões. E ainda dá pra piorar: em 31 de dezembro, a Merqueo tinha apenas US$ 918 mil em caixa. Cerca de metade do que ela tinha um ano antes.

Por conta disso, a companhia diz que foram tomadas decisões como o fechamento da operação no México para concentrar esforços na Colômbia e no Brasil, o adiamento de despesas e investimentos não-críticos, a reduçao do número de itens vendidos, de 10 mil para para 3 mil e o corte de pessoal. De um total de 1,5 mil no começo de 2022, o número tinha caído para 536 no Colômbia e 166 no Brasil no fim do ano passado. Em 31 de dezembro, a Merqeo tinha atuação em 17 cidades em seu país de origem, com 4 warehouses, e 12 cidades brasileiras, com um warehouse.

Foto: Startups

Como a oferta não colou, agora, segundo fontes de mercado ouvidas pelo Startups, parece que a Merqueo está se preparando para outro tipo de oferta: a de liquidação. "Estão tentando vender a operação na Colômbia para um player tradicional", afirmou um executivo do mercado de entregas.

A última captação da Merqueo foi em maio do ano passado, quando levantou US$ 22 milhões em dívida. Antes disso, ela tinha captado US$ 50 milhões em uma série C liderada pela IDC Ventures.

O Startups tentou localizar um contato da Merqueo para ouvir o lado da empresa, mas até o fechamento desta matéria, não foi encontrado.

Mercado complicado

O fim da Merqueo no Brasil não chega a ser um surpresa, ainda mais olhando para o mercado de delivery de compras em geral. Diversas empresas deste ramo estão fechando operações ou promovendo cortes drásticos para sobreviver em um mercado competitivo e de alta queima de caixa.

A Daki, por exemplo, após captar US$ 50 milhões em uma rodada série C em fevereiro, desligou a sua operação no México - ela já tinha suspendido operações nos EUA (onde se chamada Jokr), Chile e Colômbia antes disso - e apostou todas as suas fichas no Brasil.

Em novembro do ano passado, sete meses depois de anunciar uma rodada séria A de US$ 20 milhões, a também colombiana Muni, startup de social commerce fechou as portas, encerrando operações na Colômbia, Brasil e México. O motivo: ela não conseguiu uma nova rodada de investimento.

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