Empresa aposta em onda verde para pôr RN no mapa da cachaça
Agroindústria do Rio Grande do Norte adota medidas ambientais e melhorais sociais para se destacar
Que estado brasileiro produz as melhores cachaças? Minas Gerais, não há dúvida. Mas o Rio de Janeiro abriga marcas importantes, e mesmo São Paulo, Paraná, Ceará e Pernambuco têm feito bebidas muito boas. Como se destacar, então, estando numa região de menos tradição no assunto como Rio Grande do Norte?
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O empresário potiguar Anderson Faheína Souza, de Pureza (RN), resolveu apostar na gestão socioambiental – num setor tão ligado à destruição da Mata Atlântica nos primeiros séculos de colonização. A ideia de criar a Agroindustrial Extrema surgiu quando fazia graduação em Engenharia Ambiental na Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais. “Meu pai já trabalhava com cana-de-açúcar, e a cachaça me interessou por ser um modelo interessante para agregar valor a essa matéria-prima.” O empreendimento faturou R$ 300 mil em 2014 e prevê um crescimento de 14% neste ano.
“Em 2005, estávamos com um ano de operação e começamos a notar que a concorrência era muito forte e precisávamos de um diferencial”, recorda. Ele planejou a fábrica sob conceitos de eficiência para reduzir custos operacionais de itens como água, energia e insumos.
No lado “social”, a agroindústria investiu no saneamento de casas vizinhas e criou uma horta comunitária no local, cuja produção abastece as famílias dos empregados e cujo excedente é vendido para complementar a renda dos trabalhadores. Além disso, a Extrema doa leite para 20 famílias e tem um programa de participação nos resultados.
“Isso é importante para a própria sustentabilidade da empresa. Se ela se desenvolver sozinha, sem a comunidade ao redor, vai se tornar uma ilha. Com ações como essa, os funcionários se sentem mais motivados e passam a cuidar da empresa como se fosse deles”, argumenta Souza.
No aspecto mais “ambiental”, a Extrema instalou painéis para captar energia solar e pesquisou modos de reaproveitar resíduos de sua principal matéria-prima, a cana. O bagaço é usado como fonte de calor na caldeira para alimentar o gado. As cinzas que resultam desse processo ajudam a compor argamassa. A empresa também conta com produção própria de etanol: 250 litros por mês, que abastecem máquinas da propriedade.
“Os investimentos em sustentabilidade fazem com que nós tenhamos um marketing indireto. Conseguimos exposição pela veiculação em matérias, participamos de prêmios. Essas práticas não só nos trazem visibilidade como geram melhorias na fábrica que ficam para sempre”, avalia Souza.