Empresa aposta em sistema que reduz uso de água em plantação
Dispositivo lançado neste ano permite fazer irrigações mais precisas, diminuindo o desperdício e melhorando a produtividade
A seca em estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais deixou claro que há espaço para economizar água em vários setores. Um deles, a agricultura. O problema não é novo, mas a crise hídrica tornou-o mais grave – para o abastecimento do próprio campo e da população. Isso abriu espaço para negócios que permitam aumentar a eficiência no uso do recurso.
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É o caso da Sencer, que desde o início do ano desenvolve um sistema para cortar o gasto com água. A ideia de criar o empreendimento nasceu do pós-doutorado em Química de uma das sócias, a pesquisadora Sônia Maria Zenetti. “Ela nutria o desejo de lançar o produto no mercado, pois não existem concorrentes nacionais e as opções estrangeiras são muito mais caras. Como eu já havia desenvolvido alguns softwares para ela, acabei entrando e ajudando na parte comercial”, afirma o CEO, Valdir Pavan.
O sistema tem dispositivos que leem dados como temperatura e umidade do solo e os envia a um programa. Este, levando em conta fatores como o tipo de cultura, o solo e o clima local, indica a quantidade e a periodicidade ideais para irrigação.
“Os produtores, de maneira geral, irrigam com 30% de excesso. Além dessa economia, uma irrigação excelente pode aumentar a produtividade de culturas que são muito sensíveis à quantidade de água. É o caso do café, que chega a produzir até 40% a mais com o uso do sistema”, diz Pavan.
Para interpretar os dados e aplicar os parâmetros no cultivo, o serviço é acompanhado pela consultoria de um engenheiro agrônomo durante um ano. “Como se trata de um tema técnico, esse é o tempo mínimo para que o produtor consiga replicar e tomar as decisões sozinho”, explica o CEO.
Apesar de ainda estar em estágio inicial (foi lançado comercialmente no início do ano), o equipamento já chegou ao mercado avalizado pelo Prêmio Inovativa Brasil 2014. A empresa venceu na categoria agronegócio e ficou em sexto lugar no geral. Ainda que voltado à agropecuária, o Sencer também pode ser usado por empresas de jardinagem ou em campos de golfe, por exemplo.
A empresa já tem na mira o setor de construção civil. O objetivo é, até o ano que vem,desenvolver um dispositivo que detecte a umidade em concretos. “Temos também um plano para expandir o negócio para Angola e Argentina. Atualmente a Sencer vale R$ 2,5 milhões, mas esperamos que em cinco anos este valor salte para R$ 30 milhões.”