Empresas usam criatividade para combater falta de água
Com o abastecimento cada vez mais problemático, tecnologia e inovação diminuem consumo em até 80%
No atual cenário de seca que assola parte do país – cidades paulistas, por exemplo, tem convivido com constantes cortes no fornecimento de água –, os cidadãos estão sendo estimulados a tomarem medidas de economia no consumo em suas residências. Mas os micro e pequenos empresários também podem usar inovações tecnológicas e criatividade para conter os gastos em seus negócios e contribuir para enfrentar a escassez.
“Nós passamos a alertar para o problema assim que começaram a pipocar as notícias nos jornais sobre os riscos de cortes no fornecimento, pois a água é muito importante para bares e restaurantes”, diz Percival Maricato, presidente da regional paulista da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-SP).
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A entidade organizou uma campanha em parceria com a Sabesp, empresa responsável pelo abastecimento em várias cidades do estado de São Paulo. “Recomendamos a troca de equipamentos em negócios que tenham um uso muito intensivo de água”, continua Maricato.
A tecnologia é uma aliada fundamental para conter o consumo. “Existem sistemas tanto para captar chuva quanto para reaproveitar água que tenha sido usada até mesmo com agentes químicos de limpeza”, afirma Maísa Feitosa, gerente-adjunta de inovação e tecnologia do Sebrae nacional.
Tais equipamentos são de grande utilidade para negócios que dependem de água para funcionar, como lava-rápidos e pet shops. No caso do reuso, “a água é higienizada e retorna para o processo produtivo, sendo que até 90% dela pode ser reaproveitada”, relata Maísa, que ainda acrescenta: “os empresários, assim, podem reduzir seu consumo de água em até 80%”.
Torneiras com acionamento automático também diminuem o desperdício, pois só funcionam quando as mão estiverem embaixo delas.
Soluções criativas
Não é só a tecnologia, no entanto, que ajuda a diminuir o consumo. A criatividade também é uma ferramenta, como explica Baltazar Di Domenico, presidente da Associação das Churrascarias do Estado de São Paulo e dono de uma rede de restaurantes Prazeres da Carne: “Passamos a fazer uma pré-lavagem manual dos pratos, para tirar os resíduos mais pesados. Com isso, a louça fica mais fácil de ser lavada, diminuindo em até 30% o consumo de água”.
Já as verduras passaram a ser lavadas em uma caixa com água, na qual é colocado um produto que solta a sujeira. “Assim, não é preciso mais utilizar tanta água corrente para fazer a higienização dos produtos”, continua Di Domenico.
Além disso, o empresário também fechou a descarga dos mictórios dos banheiros masculinos de seu restaurante, colocando, no lugar, pedras de gelo, o que também ajudou na economia. “Passamos estas ideias para a rede de associadas, e muitas estão aderindo”, relata Di Domenico.
Por fim, a simples manutenção de equipamentos como torneiras e descargas também pode, segundo Maísa, diminuir pontos de vazamento e dar sua contribuição para conter a crise hídrica.