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Esta é última geração de líderes que não entendem de dados

Dados facilitam a gestão de um negócio pois auxiliam estrategicamente, ajudam com novas ideias, agilizam o trabalho e permitem a inovação

27 jun 2023 - 17h01
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*Arnobio Morelix e Renata Horta são CEO e Conselheira da Faculdade Sirius

Foto: Canva / Startups

Se você ainda não ouviu falar sobre liderança data driven — ou seja, liderança orientada por dados —, está na hora de correr atrás. Esse modo de atuar não é mais apenas um diferencial, mas sim o fundamental para os líderes a partir de agora, simplesmente porque é necessário para a sobrevivência das empresas.

E nós já vemos isto nos números. Das 5 maiores empresas do mundo hoje - Apple, Microsoft, Alphabet (Google), Amazon e NVIDIA - , todas usam dados como parte do seu DNA.

A ciência de dados é a nova base para o crescimento das empresas. Não dá para um negócio que não analisa e compreenda seus próprios dados competir com outro que faz isso. Afinal, são eles que permitem tomadas de decisões estratégicas e de alta performance. Mas como?

A ciência de dados permite utilizar um maior número de variáveis e cenários na tomada de decisão, isso de forma extremamente rápida e muitas vezes automatizada. Os mecanismos de machine learning permitem, por exemplo, encontrar relação entre variáveis que os decisores nem imaginavam existir. Esses são alguns exemplos que fazem com que a ciência de dados tenha ajudado a descrever prematuramente mudanças de hábitos de consumo, comportamento, predizer funcionalidades importantes em novos produtos e serviços, etc.

É um aprimoramento constante: informações surgem a todo momento, bem como a tecnologia para ajudar a compreendê-las, adaptá-las e utilizá-las para melhorar processos e qualidade de serviços e produtos.

Portanto, se as companhias precisam disso para sobreviver a um mercado cada vez mais competitivo e complexo, logicamente, os colaboradores devem seguir o mesmo caminho. Times de todas as áreas estão aprendendo a gerar, gerir e extrair insights de dados organizacionais, isso é uma realidade nas turmas da Sirius. E os líderes, especialmente, precisam entender como os dados funcionam, que tipo de análises são possíveis, como garantir a qualidade do processo de análise dos dados, para identificar oportunidades e falhas, para guiar seu time em um novo processo de decisão que a ciência de dados vem permitindo.

E não é apenas uma observação de quem trabalha na área há anos, mas também de pesquisas frequentes. Por exemplo, a Harvard Business Review (HBR) realizou um estudo para o Google Cloud no qual 81% dos executivos entrevistados afirmaram que o aumento no investimento em análise de dados foi uma resposta de suas empresas à crise causada pela pandemia — entretanto, apenas 45% deles consideraram que o uso desses dados foi satisfatório. O que indica a necessidade de ir além da tecnologia que faz a coleta e a análise, mas também de gestores que saibam o que fazer com os resultados.

Esta necessidade se reflete quando olhamos o perfil dos executivos mais influentes do mundo. Dos 10 executivos mais influentes do mundo, 8 têm background em tecnologia. E um dos dois que não tem é o Warren Buffett, que tem mais de 90 anos e claramente vem de outra geração de liderança.

Aliás, a aceleração dessa realidade a partir de 2020 é um ponto importante para este debate. Eu, Arnobio, escrevi o livro 'Rebooted', que foi best seller nos Estados Unidos e em seis outros países, onde fiz uma profunda análise do impacto positivo e negativo de escala global de novas tecnologias que se seguiu à pandemia, em conjunto com previsões que já eram feitas por especialistas no período pré-pandêmico.

Por exemplo, a automação do trabalho é um assunto sempre em alta. Na obra, conto que, nos próximos dez a vinte anos, as estimativas sobre o número de trabalhadores que provavelmente serão afetados pela informatização e automação variam de 9% a 47%, de acordo com pesquisadores como Melanie Arntz, Terry Gregory e Ulrichx Zierahn do Centro de Pesquisa Econômica Europeia (ZEW) e, respectivamente, os acadêmicos de Oxford Carl Benedikt Frey e Michael Osborne.

Entre esses dois números, existem estimativas de 25%, do Brookings Institute, e de 20%, do McKinsey Global Institute. E isso tudo foi antes de considerarmos o aumento na velocidade da implementação dessas novidades após a Covid-19.

API Divide

Outro exemplo que parte dessa revolução do trabalho está em identificar os tipos de atividades que dependem de tecnologias, e os tipos de atividades que comandam as tecnologias. Essa separação é conhecida como "API Divide", sendo que API é um conjunto de regras e protocolos que permite que diferentes softwares se comuniquem e interajam entre si de forma padronizada e segura.

Explicando de maneira mais clara, o API Divide pode ser visto como uma pirâmide com uma divisão no meio. Na base, ficam os empregos que recebem comandos ou direcionamentos sobre o trabalho a partir de computadores ou aplicativos, como é o caso de entregadores, motoristas sob demanda, trabalhadores de call centers, entre outros. Acima, estão os cargos que seguem a direção contrária, comandando ou direcionando as tecnologias, como é o caso de desenvolvedores, designers e executivos.

É nesse último espaço que os líderes entram. A gestão, agora, inclui mais do que pessoas e suas tarefas. A ciência de dados está por trás de todas as estratégias nesses e em outros departamentos.

No processo de transformação digital temos um outro inerente que vem sendo pouco discutido: o processo de apropriação tecnológica, que é como o ser humano conhece e se torna fluente no uso de tecnologias das mais intuitivas às mais complexas. Os líderes não vão conseguir se apropriar de novas tecnologias sem se implicarem e voltarem a estudar, e a ciência de dados é a primeira a fazer a seleção de quem vai conseguir acompanhar o que vem pela frente.

Cuidar da saúde financeira da empresa, da qualidade do serviço, do atendimento ao cliente, da segurança, dos colaboradores e de tudo mais que forma um negócio sempre foi complicado, mas a tendência é de que se torne ainda mais complexo e com a ajuda da ciência de dados pode tornar esse cenário de complexidade em um ambiente de oportunidades. E para quem não entendeu ainda como os dados funcionam, pode parecer que essa mudança é mais uma obrigação entre tantas.

Mas a realidade é bem diferente: os gestores precisam organizar seu processo de apropriação tecnológica, separar o que precisam entender com mais ou menos profundidade, a Ciência de Dados certamente deve estar na lista dos conhecimentos que devem ser aprofundados, já que para extrair valor, ele precisa saber como funciona, e eu estou vendo isso acontecer comigo e é muito satisfatório ter mais essa skill para liderar.

Os dados facilitam todos esses processos. Eles auxiliam estrategicamente, ajudam com novas ideias, agilizam o trabalho e permitem a inovação. Os líderes que não sabem utilizá-los estão no passado porque o mercado não para de avançar, sim, mas também por outro motivo muito simples: depois de entendê-los, ninguém mais volta atrás.

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