Estádio aquece economia de Itaquera, mas menos que esperado
Pesquisa mostra que principal mudança após construção da arena que abriu a Copa do Mundo foi melhoria de imagem da região
Com 35% da população da capital paulista, a Zona Leste é a mais densamente povoada de São Paulo. Mas gera apenas 16% dos empregos. Tem 2,3 milhões de adultos economicamente ativos, mas 1,8 milhão se deslocam todos os dias para ir ao trabalho. Como resultado, é a área da cidade que gera maior pressão sobre o transporte público.
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Esses números deixam clara a necessidade de fomentar a economia local. Uma das áreas em que houve incentivos nesse sentido foi Itaquera. Com seus mais de 500 mil habitantes, um dos maiores e mais importantes bairros da região vem experimentando uma fase de crescimento e valorização.
A construção da Arena Corinthians – nome oficial do estádio de futebol mais conhecido como Itaquerão – ajudou a reforçar esse fluxo de dinheiro privado e investimentos públicos em infraestrutura. Principalmente, mudou a imagem que os próprios paulistanos tinham do bairro, o que é bom para os negócios.
“O estádio está inserido num projeto de desenvolvimento que já estava em andamento. O bairro tem metrô há muitos anos, já tinha shoppings e um polo comercial”, afirma o professor Fernando Burgos, coordenador do Centro de Estudos em Administração Pública e Governo, da Fundação Getúlio Vargas, e responsável por uma pesquisa realizada entre julho de 2013 e julho de 2014. “Para os comerciantes, melhorou a visibilidade do bairro. Itaquera é um bairro do centro expandido de São Paulo, mas era visto como periferia.”
Alguns movimentos sociais com atuação na região aproveitaram a maior visibilidade para fazer avançar problemas que se desenrolavam havia décadas. No entanto, comerciantes entrevistados pelos pesquisadores da GV indicaram ter ficado de fora dos debates sobre o desenvolvimento do bairro, e mostraram desconfiança sobre as tendências para o futuro. “Fica a impressão de que os empreendedores de menor porte não se constituíram público-alvo da política arquitetada pela Prefeitura de São Paulo”, diz o relatório da pesquisa.
De qualquer modo, o bairro vem ganhando equipamentos públicos nos últimos anos. Além disso, o Programa de Incentivos Fiscais da Zona Leste, lançado pela prefeitura em dezembro de 2013, prevê que diversas categorias, como informática, call centers, educação e costura, recebam isenção de IPTU e ISS e redução de ISS para 2%.
Entre as oportunidades que Itaquera oferece para os empresários estão:
Esportes: A frequência de torcedores eleva a demanda por produtos na área – e não só do Corinthians. É possível explorar as vendas principalmente nos arredores do estádio, próximo ao shopping Metrô Itaquera.
Educação: Itaquera tem população com média de idade de 32 anos e apenas 10% de chefes de família com diploma universitário. Há um grande potencial para crescimento no setor de ensino, com todo o tipo de negócio relacionado a ele.
Vestuário: Público consumidor não falta em Itaquera. Não fosse assim, o bairro não abrigaria o maior shopping center da América Latina – o Aricanduva, que tem mais de 500 lojas – e outros dez centros comerciais. Há espaço para mais, especialmente no setor de vestuário.
Turismo: Bem servida por transporte público, a região abriga o Parque do Carmo, com 1,5 milhão de metros quadrados. Há também o Parque Raul Seixas e o próprio estádio de futebol. Esses centros de lazer e entretenimento favorecem o desenvolvimento de comércio nos entornos.
Imobiliário: Assim que a construção do estádio foi anunciada, os preços dos imóveis subiram mais de 40% e os negócios ficaram congelados. Agora, o mercado tende a se estabilizar e a comercialização vai ser retomada em patamares menores que os da Copa, mas superiores aos de anos atrás.