Ex-minerador fatura R$ 220 mil com arte em restos de madeira
Hobby que nasceu quando técnico fazia presente para o filho virou negócio que já vendeu até para a ONU
Especialista em detonação de minas subterrâneas para a extração de minerais, Guilherme Junior passou 13 anos desempenhando uma atividade que não era lá muito favorável ao ambiente. Mas sua trajetória mudou radicalmente quando resolveu fazer esculturas de madeira para matar o tempo. Começou como brincadeira, virou coisa séria: hoje o técnico em mineração que vive em Belém (PA) fatura cerca de R$ 220 mil ao ano com arte em madeira reciclada.
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A reviravolta aconteceu em 1991, pouco antes de Junior ser pai – período em que ele passava alguns dias em casa aguardando ser chamado para o próximo serviço de detonação. “Meu cunhado tinha uma marcenaria, e peguei algumas sobrar para fazer objetos para meu filho que estava prestes a chegar. A dona de uma escola da vizinhança tomou conhecimento e encomendou outras peças. Percebi que levava jeito e pensei em investir nisso.”
Suas primeiras produções eram de miniaturas de instrumentos musicais e de móveis. Com o tempo, diversificou. Hoje trabalha com duas linhas: brindes institucionais (para empresas que querem presentear funcionários, clientes ou fornecedores) e embalagens especiais (caixas de madeira reciclada).
Em 2005, Junior formalizou o negócio para conseguir mais acesso a crédito e financiar a expansão do empreendimento. Criou assim a Ayty Artesanato. Os pedidos aumentaram, mas ele faz questão de manter a produção artesanal. “Tentamos trabalhar com algumas grandes encomendas, mas nesta área não tem como manter a qualidade em grande escala. Depende muito da habilidade de cada funcionário. Por isso não temos nem site. Nossa propaganda é no boca a boca para evitar uma demanda muito grande.”
Seus principais clientes são organizações ou empresas com preocupações socioambientais – incluem desde multinacionais até eventos da ONU. “Quando eu trabalhava com minas, jamais imaginava que estaria aqui hoje. A maioria das empresas em que atuei explorava ouro, era devastador. Hoje sou realizado por esculpir em resto de madeira.”