Habilidade nos negócios fez Trump superar quatro falências
Bilionário norte-americano que apresenta a versão original de “O Aprendiz” conseguiu lidar com credores e manter fortuna
Quem olha a postura imperial com que Donald Trump pronuncia a sentença “you’re fired” aos participantes na versão original do programa televisivo “O Aprendiz”, deve imaginar que ele raramente erra. A verdade, porém, é que o famoso empresário já passou por quatro processos de falência. Mas sua habilidade em lidar com credores permitiu que desse a volta por cima em todas as situações.
Nascido no distrito do Queens, em Nova York, em 1946, ele é filho de um importante construtor e incorporador imobiliário. Desde cedo, foi incentivado pelo pai a fazer carreira no setor. Quando se matriculou no curso de Economia, em 1964, já tomava parte nos negócios da família.
Um de seus primeiros projetos foi a revitalização de um complexo de apartamentos em Cincinnati (Ohio). A maioria das 1.200 unidades estava abandonada. Trump aportou US$ 500 mil em melhorias e, dois anos depois, vendeu tudo para investidores por US$ 6,75 milhões.
A boa visão do jovem o levou liderar as empresas da família. Em 1971, já morando em Manhattan, esteve à frente de uma das transações mais notória da época em Nova York. Comprou o abandonado hotel Penn Central, tão degradado quanto bem localizado (junto à estação Grand Central do metrô). Em seguida, assinou um acordo com o grupo Hyatt, que não dispunha de hotel na região. Além disso, conseguiu abatimento dos impostos atrasados, obteve financiamento para o projeto e reformou toda a fachada do prédio com vidros reflexivos. Assim, quando o empreendimento foi reaberto, em 1980, rebatizado de Grand Hyatt, o sucesso foi enorme.
Já a famosa Trump Tower começou a se desenhar um ano antes, quando o bilionário arrendou uma propriedade na Quinta Avenida por US$ 200 milhões. Após passar por uma profunda reforma, o edifício de luxo, que contava com um átrio de seis andares revestido de mármore rosa, foi inaugurado em 1982, atraindo renomadas lojas de marca e algumas celebridades, que se instalaram no local.
Em meio a jogadas bem-sucedidas, Trump colheu também fracassos. Algumas vezes a Justiça barrou seus planos de expansão imobiliária, e perdeu muito no setor de cassinos. A perda maior começou em 1989, quando comprou o Taj Mahal, em Atlantic City, então o maior cassino do mundo. Uma crise no mercado norte-americano de imóveis fez o prédio perder valor, derrubou os ganhos em outras áreas e gerou dívida crescente. Em 1991, viu-se à beira da falência. Estima-se que seu patrimônio tenha caído de US$ 1,7 bilhão para US$ 500 milhões no período.
Em uma tensa série de conversar com seus credores, Trump consegui convencê-los a renegociar as dívidas, cedendo-lhes 50% do Taj Mahal em troca de juros mais baixos e maior prazo de pagamento. A iniciativa permitiu a reestruturação financeira de seu império, e em 1997 sua fortuna já chegava ao patamar de US$ 2 bilhões. A partir de então, separou sua fortuna pessoal das contas do conglomerado.
Assim, quando o Trump Plaza Hotel foi à bancarrota, em 1992, Trump novamente cedeu parte de suas participações no hotel de luxo para abater a dívida com os credores, mas suas finanças pessoais não foram prejudicadas. Estratégia semelhante foi adotada em suas duas outras grandes falências (Trump Hotels and Casino Resorts, em 2004, e Trump Entertainment Resorts, em 2009).
Apesar de criticado pelas medidas, em todas as ocasiões ele conseguisse reestruturar as empresas. Hoje, Trump conta com uma fortuna estimada pela Forbes em US$ 4,1 bilhões.