Turismo espacial é o desafio do hippie que criou a Virgin
Bilionário britânico Richard Branson começou vendendo discos por correspondência para a comunidade alternativa nos anos 1960
No final dos anos 1960, um hippie britânico que havia abandonado a escola aos 16 anos teve a ideia maluca de vender discos por correspondência. O negócio teve um sucesso quase instantâneo, e aos poucos evoluiu para uma loja física e uma gravadora. Nascia assim o império da Virgin, criado por Richard Branson. Dono de mais de cem empresas, ele hoje é um dos homens mais ricos do Reino Unido, com uma fortuna estimada em US$ 4,9 bilhões.
Blog: DRE responde várias perguntas sobre uma empresa
Nascido em 1950 na cidade de Surrey, na Inglaterra, Richard Branson enfrentou sérios problemas na escola por sofrer de dislexia. Filho de um advogado e de uma comissária de bordo, ele abandonou os estudos aos 16 anos para lançar seu primeiro empreendimento: a revista “Student”.
Feita por estudantes para estudantes, a publicação conseguiu a proeza de vender US$ 8 mil em anúncios logo na sua primeira edição. O dinheiro foi suficiente para custear a primeira impressão de 50 mil exemplares gratuitos, e fez Richard abrir os olhos para o grande potencial do que tinha em mãos.
Três anos depois, o jovem se mudou para Londres, onde passou a conviver com a cena musical e com as drogas que estavam associadas à cultura hippie. Para ajudar a custear a “Student”, ele passou a anunciar a venda por correspondência de alguns discos nas páginas da revista a um preço inferior ao encontrado nas lojas convencionais.
A iniciativa foi um sucesso, e como todos eram novatos na área, um dos envolvidos no negócio sugeriu batizá-la de Virgin. Com os lucros obtidos, ele resolveu, pouco depois, abrir uma loja física de discos na Oxford Street, em Londres. O passo seguinte não é muito difícil de adivinhar: em 1972, Richard entrou de vez no mercado musical com a fundação da Virgin Records. Na sequência, comprou uma propriedade rural ao norte de Oxford, onde instalou um estúdio de gravação residencial.
Logo de cara, o bilionário deu um tiro certeiro no mercado musical ao gravar e lançar o single Tubular Bells, de Mike Oldfield. A canção fez um sucesso estrondoso nas paradas britânicas, tornando-se líder de vendas e ajudando a construir uma reputação para a Virgin. Em 1977, um grupo de punks apareceu na Inglaterra fazendo músicas que atiravam para todos os lados, inclusive contra a rainha. Com medo, quase todas as gravadoras do país se recusaram a assinar um contrato com a banda. Quase todas, menos a Virgin.
Assim, em outubro daquele ano, o disco “Never Mind the Bollocks”, dos Sex Pistols, caía como uma bomba no mercado britânico. Além da repercussão mundial que causou, o disco abriu as portas para uma enxurrada de novas bandas do estilo, divulgando ainda mais o nome da gravadora. Aproveitando-se disso, a Virgin assinou com nomes como Culture Club, Rolling Stones e Genesis, tornando-se uma das maiores gravadoras do mundo.
Na década de 1980, Branson resolveu expandir seus negócios para outras áreas. Assim, ele adquiriu a companhia de viagens Voyager Group em 1980 e, quatro anos depois, a companhia aérea British Atlantic – rebatizada de Virgin Atlantic. Em 1992, a gravadora Virgin passou por problemas financeiros e teve de ser vendida às pressas para a EMI por cerca de US$ 1 bilhão.
Branson, porém, se manteve determinado a continuar no negócio musical, e no ano seguinte fundou a estação Virgin Radio. Em 1996, ele criou uma nova gravadora, a V2, que tem em seu cast artistas como Tom Jones. Seus esforços para diversificar os investimentos também continuaram com a aquisição de empresas ferroviária e de telefonia móvel em mais de 30 países, incluindo Estados Unidos, Austrália, Canadá e África do Sul.
Uma das últimas investidas malucas do bilionário foi a criação de uma empresa de turismo espacial, a Virgin Galactic. Porém, assim como aconteceu com a ideia de vender discos por correspondência, o negócio parace estar rendendo bons frutos, pois em abril de 2013 Branson anunciou que já havia vendido mais de 500 passagens.