De trainee a empreendedor: jovem investe no agro e revoluciona startups brasileiras
Henrique Galvani, após intercâmbio em San Diego, retorna ao Brasil e cria a BLB Ventures, voltada para inovação e startups. Posteriormente, funda a Arara Seed, plataforma de investimento coletivo em startups do setor agro.
O período em que morou em San Diego, nos Estados Unidos, foi relevante e decisivo para Henrique Galvani, 32 anos, voltar ao Brasil com a certeza de intraempreender no Grupo BLB Brasil e criar o segundo motor da empresa de auditoria, com foco no ecossistema de inovação e startups.
O jovem da cidade de Morro Agudo, 80 km de distância de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, chegou do intercâmbio motivado a se aventurar no empreendedorismo e logo reportou sua ideia de criar a BLB Ventures aos gestores do Grupo BLB Brasil, empresa em que até então trabalhava como trainee de auditoria contábil. O que apresentava era tão interessante que os próprios chefes resolveram apostar e embarcaram na novidade como sócios. Era o começo de uma trajetória que o levaria a criar também a Arara Seed, a primeira plataforma de investimento coletivo em startups do setor agronegócio, incluindo agtechs e foodtechs, que prevê até 2030 investir em 100 startups e cerca de R$ 120 milhões no segmento agro.
O nicho que a Arara Seed optou por se especializar vem da experiência de Galvani na empresa de auditoria, sediada na capital do agronegócio brasileiro, em Ribeirão Preto, que tinha em grande parte da sua carteira de clientes, empresas do agronegócio. Em 2013, aos 20 anos, Henrique, começou a trabalhar como trainee de auditoria contábil no Grupo BLB Brasil.
Participou de grandes projetos na empresa, ampliou a carteira de clientes que atendia e, ano após ano, era promovido. Se especializou no mercado agro e detinha clientes importantes. Foi nessa ascendente que, em 2018, o jovem acumulou férias suficientes para aproveitar o período para estudar inglês para negócios nos Estados Unidos. Uma oportunidade que mudou de vez sua percepção sobre o venture capital.
Na atmosfera empreendedora e tecnológica da Califórnia, e próximo de um amigo que tinha uma startup de café, o jovem estudou e se aprofundou no segmento. Com a mente à mil, desenvolveu um projeto para a empresa em que trabalhava: um modelo de venture builder. No ano seguinte, os executivos não só deram aval para o jovem empreender, como o apoiaram e o ajudaram a criar esse novo braço de negócio, tornando-se sócios.
Naquele momento, a BLB Ventures, uma fábrica de startup, nasceu sob os cuidados de Henrique Galvani, Rodrigo Barbeti, Rodrigo Garcia e Valdecir Brás. O investimento inicial de R$ 100 mil possibilitou que Henrique se dedicasse exclusivamente a isso e com mais R$ 5 milhões, que vieram nos últimos três anos, sem contar aportes externos, deu vida a outras cinco investidas por meio da BLB Ventures.
Desafio para potenciar bons negócios
Foi atuando na BLB Ventures que surgiu a ideia de criar a Arara Seed, uma plataforma de equity crowdfunding para startups brasileiras que procuram encontrar soluções para problemas como hábitos de consumo, segurança alimentar e preservação ambiental.
“Há um aumento notável da preocupação em relação à redução das emissões de carbono e ao combate à pobreza e fome no Brasil. Não podemos aceitar que a insegurança alimentar, ainda que leve, aflija mais de 125 milhões de brasileiros. Por isso, não nos restam dúvidas que o caminho é apoiar esta geração de empreendedores, sendo uma alternativa de capital consciente, para endereçar soluções a problemas relevantes que enfrentamos”, explica Galvani.
Comprometida com a sustentabilidade, a fintech reúne duas raízes culturais já em seu nome. Arara Seed é a combinação de arara, ave típica da fauna brasileira, e seed, que inglês significa semente. Seed é também o nome de um dos estágios que as startups passam, quando ocorre a segunda fase de investimento para apoiar o desenvolvimento e validação de mercado da empresa. É nesta etapa que a empresa, lançada em junho de 2022, se especializou.
“Definimos que o foco é neste estágio das startups, que já saíram da fase de ideação e estão operando. Priorizamos aquelas também que estão com faturamento mensal de pelo menos R$ 30 mil e MVP - em português, produto mínimo viável - validado. O cheque mínimo começa com um aporte de R$ 1 mil. Nosso objetivo é democratizar o investimento, então, quem quer investir, mas não com valor muito alto, encontra no nosso modelo de negócio uma opção viável. O grande segredo do investimento em startup é a diversificação do portfólio para a diluição do risco”, finaliza Galvani.