Empresária faz sucesso transformando chifres de boi em joias
Isabel Doering Muxfeldt adaptou técnicas de artesanato típicas do Pantanal para o mundo da joalheria e criou peças vendidas nos EUA e Europa
Toda mulher sonha em ter uma linda joia de ouro, diamante, esmeralda, prata, safira ou rubi. Mas você compraria uma peça feita com chifre de boi? Foi justamente esta a aposta que Isabel Doering Muxfeldt fez em 2003, quando criou a Joias do Pantanal. Passados 12 anos, os produtos desenhados por ela já renderam prêmios à empresa e são exportados para países como Estados Unidos, Portugal e Suíça.
Entenda mais sobre o mundo das franquias
Moradora de Campo Grande e descendente de alemães, Isabel conta que aprendeu a fazer artesanato com a família quando ainda era criança. “Sempre gostei de criar minhas peças. Mas eu trabalhei durante muito tempo na empresa de construção civil do meu marido, e o artesanato era apenas um hobby para mim”, diz.
Porém, o que era apenas diversão começou a ser olhado de outra maneira em 2000, quando Isabel se separou de seu marido. “Nesta época, decidi fazer o que sempre amei, e fui estudar as técnicas do Pantanal para encontrar uma maneira de produzir algo único”, recorda.
Durante a pesquisa, ela se interessou pelos chifres bovinos, bastante usados para a produção de berrantes e cuias de tererê na região do Pantanal. “É um material natural, bonito e versátil, que lembra a madrepérola. Ele conta com tons únicos e não tem como você fazer duas peças iguais. Sempre vai sair algo diferente e exclusivo”, argumenta a empresária.
De berrante a colar
Isabel, então, firmou parcerias com artesãos que já trabalhavam com chifres bovinos para, juntos, começarem a produzir joias. Seu primeiro grande desafio foi convencer seus parceiros a produzir peças voltadas ao público feminino. “Eles estavam acostumados a fazer peças masculinas, como berrantes, e foi difícil para eles entender que eu não estava brincando, não era um hobby”, revela.
Vencida esta resistência, ela passou a desenhar colares, pulseiras, chaveiros, brincos, anéis, presentes e brindes para que os artesãos parceiros fabricassem as peças. Porém, ela afirma que no começo as pessoas compravam apenas para dar de presente, e não para usar.
“Foi difícil a aceitação, pois a gente queria dar uma conotação de joia. Mas é preciso ter uma qualidade muito boa, senão a mulher não vai usar. Aos poucos, fomos pegando experiência e sofisticando o produto, criando coleções”, conta Isabel.
Com isso, as vendas engrenaram não apenas no Mato Grosso do Sul, mas também em outros estados do Brasil, como Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Além disso, a empresa conquistou o prêmio Mulher Empreendedora 2007, oferecido pelo Sebrae, e ficou entre as três finalistas brasileiras do prêmio Empretec Women in Business Award 2011, organizado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad).
“As ecojoias são um produto com uma aceitação muito boa, inclusive fora do país. Mas não temos o objetivo de aumentar a produção e crescer rapidamente. Fazemos artesanato, então o mais importante é manter o nosso padrão de qualidade”, conclui Isabel.