Médica deixa o consultório para fazer sucesso com rede especializada em estética feminina
Obstetra viu na estética a oportunidade de recomeçar após a gestação e conciliar a medicina com o sonho de um negócio próprio
Mirelle Ruivo, médica especializada em videolaparoscopia, enfrentou desafios antes de abrir a rede de clínicas de estética Mulherez em 2024, que almeja conquistar o Brasil.
Médica obstetrícia e especializada em videolaparoscopia, Mirelle José Ruivo viu os planos mudarem quando o marido, ortopedista, passou em um concurso público em Cianorte, interior do Paraná. Deixou os atendimentos que fazia em Maringá para acompanhá-lo e, diante de um cenário clínico completamente diferente do anterior, sem perspectivas de atuar com videolaparoscopia e a dificuldade de engravidar, entrou em depressão.
Com tratamento, engravidou e, ao decidir retomar a profissão após dedicar-se à maternidade, recebeu um conselho que mudou o rumo da sua vida: abrir uma clínica de estética feminina. Em 2016, com investimento inicial de R$ 50 mil, nasceu o Espaço Vivare que, em 2024, se transformou em Mulherez, uma rede que agora almeja conquistar o Brasil.
A clínica, que oferece uma variedade de serviços, como botox e preenchimento, tem na verdade três carros-chefes: o transplante de sobrancelhas, o capilar e o procedimento de rejuvenescimento íntimo. O primeiro deles, realizado a partir de um fio de cabelo, é inédito no franchising. Para chegar ao resultado esperado, foi preciso criar também um SPA de sobrancelhas, com profissionais que fazem do design ao tratamento de manutenção. Já o rejuvenescimento íntimo, realizado por laser, faz a ninfoplastia, uma cirurgia plástica que diminui o tamanho dos pequenos lábios vaginais. Em uma hora, a mulher já recebe alta e pode retomar os afazeres do dia. Outro laser, também sob o chapéu dos procedimentos íntimos, aplicado internamente, melhora a lubrificação e tem chamado atenção de mulheres que estão vivendo o período da menopausa. Para muitas, é uma opção para evitar os tratamentos hormonais.
Do hospital ao empreendedorismo
Filha de pai médico e mãe professora, a jovem paulistana mudou-se para Japurá, a 90 quilômetros de Maringá, aos cinco anos de idade. O pai, que tinha comprado um hospital na cidade, levou a família para o interior e lá educou os filhos. Fortemente influenciada pelo ambiente hospitalar, Mirelle resolveu cursar medicina e foi para Ribeirão Preto, em São Paulo, fazer faculdade. Especializou-se em obstetrícia e em videolaparoscopia, uma técnica cirúrgica minimamente invasiva. No ano seguinte à formatura, em 2006, Mirelle foi para Maringá fazer residência e começou a dar consultas.
Foi então que o marido, também médico, passou no concurso público em Cianorte (PR). Sem muita infraestrutura para atuar com a especialização que tinha feito e somado a dificuldade de engravidar, Mirelle entrou em depressão. Os esforços empregados até o momento para ter o próprio negócio não tinham vingado. O primeiro deles, ainda na faculdade, era uma loja de roupas brancas. Na época, com dificuldade de comprar peças boas e com preços acessíveis para trabalhar, a ideia pareceu boa, mas não foi para frente. Venda de bijuterias e até o plano de ter uma fábrica de biscoito foram considerados, mas nada prosperou.
O tratamento para engravidar deu certo e Mirelle resolveu dedicar-se à maternidade. Mas, passado o primeiro ano da filha, o desejo de retomar às atividades reacendeu nela a vontade de empreender. Foi nessa época que a cunhada deu um conselho bastante oportuno: abrir a própria clínica de estética, oferecendo procedimentos como botox e preenchimento. Mirelle aprendeu como aplicar os produtos e viu na parceria com um médico cirurgião famoso na cidade a possibilidade de crescer: ela cuidaria dos clientes pós-operados, oferecendo drenagem linfática. Implementou também outros procedimentos e, no fundo de uma clínica médica compartilhada, com o investimento inicial de R$ 50 mil, abriu em novembro de 2016 o Espaço Vivare, que do italiano significa “bem querer”.
Em pouco tempo a clínica prosperou e, em maio de 2018, Mirelle abriu a segunda unidade em Maringá, a cerca de 80 km de Cianorte. Naquele mesmo ano contratou uma empresa para fazer o projeto de franqueabilidade e, no ano seguinte, em meio a construção desta nova frente de negócio, abriu a terceira unidade, agora em Umuarama (PR), a 85 km de Cianorte. Com a agenda sempre muito cheia de clientes, Mirelle deu mais um passo: construiu a própria clínica, num espaço amplo, e fez a mudança de endereço. O sonho de anos atrás tinha enfim tomado forma e prosperava muito bem, mas, em 2020, com a pandemia, foi preciso reajustar a rota.
Adaptando-se ao cenário
Com as unidades fechadas e sem retorno financeiro, uma dívida alta das recentes mudanças e os hospitais cheios, a médica achou uma solução. Voltou a atender no hospital do pai, em Japurá (PR). Foi ali, no atendimento do dia a dia, que ela conseguiu pagar as contas e manter as três unidades abertas até a retomada das atividades, quando também decidiu prosseguir com o projeto de franquia. Porém, a dificuldade de concluir uma venda era grande e Mirelle teve uma ideia: ir para a feira da ABF, em São Paulo, para entender como é que as pessoas vendiam franquias. Foi lá, em 2022, na maior feira de franquias da América Latina, que ela conheceu a 300 Ecossistema de Alto Impacto.
A partir desse encontro, e sobretudo quando foi selecionada para fazer parte do programa deles, que a Vinare, nome adotado em 2021 por conta de problemas no registro da marca, passou a ter planos de estar em todo o país. Com similaridades quanto à proposta de valor com a Homenz, clínica de estética voltada para homens (e que também faz parte do portfólio da 300), a rede se transformou e, em julho de 2024, passou a se chamar Mulherez. A missão é levar as melhores soluções no universo da estética para o máximo de mulheres, das adolescentes às mais maduras, priorizando o bem-estar, o respeito e o acolhimento que todas merecem. A marca encerrou 2023 com faturamento de R$ 2,8 milhões e pretende fechar este ano com 50 unidades e faturar R$ 4,5 milhões.
Homework
