Mãe transforma papinha orgânica em receita milionária
Preparando comida para sua bebê, professora de educação física viu um nicho a ser explorado. Largou seu emprego para montar uma empresa que fatura R$ 2 milhões ao ano
Papinhas de pera com cenoura; banana com caqui; frango com chuchu, mandioquinha e espinafre; fígado bovino com grão-de-bico, inhame, tomate e brócolis; purê de beterraba; creme de ricota com morangos. Todas orgânicas, o que significa que são feitas com frutas e legumes cultivados sem pesticidas nem manipulações genéticas, e carnes de animais tratados sem hormônios.
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Há sete anos, a então professora de educação física Maria Fernanda Rizzo fazia receitas assim para sua filha de 6 meses. Era um trabalhão – depois de já ter trabalhado durante o dia. “Percebi que existiam milhares de opções desse tipo de produto fora do país, mas nenhuma aqui no Brasil”, conta. Logo ela percebeu que havia ali um nicho viável: mães das classes A e B que querem dar comida saudável para seus bebês.
O resultado, o Empório da Papinha, surgiu em 2009, com investimento de R$ 600 mil. Hoje, é uma franquia com 18 pontos de venda, em 16 municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal, Santa Catarina, Pernambuco, Piauí, Ceará, Sergipe e Alagoas. Em 2014, a empresa alcançou a marca de 30 mil porções mensais. O faturamento neste ano deverá alcançar R$ 2 milhões.
A expansão, iniciada em 2011, constava do plano original. A instalação de uma cozinha industrial, logo no começo do projeto, já previa o aumento do número de filiais e a abertura de franquias. O próximo estágio, a chegada ao varejo, foi cuidadosamente estudado. “Primeiro fiz uma mudança de identidade, adaptei a imagem para ficar mais adequada a este mercado mais amplo. É importante planejar, porque sem isso você perde dinheiro e tempo.”
Processo cuidadoso
Cada papinha que chega às prateleiras da loja passa por nove etapas. Começa pela horta orgânica, cujos produtos são pré-selecionados por funcionários do Empório. O alimento é lavado, descascado e cortado, depois cozido a 100 ºC.
O resultado é separado em porções de 100 g e congelado a -30 ºC rapidamente, em apenas 40 minutos. Só então recebe o rótulo e é enviado para as lojas, onde mães acostumadas a fazer suas próprias papinhas recentemente passaram a contar também com sopas orgânicas prontas para toda a família. “O produto é novo no país, e isso é bom”, diz Maria Fernanda, que hoje tem 35 anos. “O mercado busca novidade. Se eu produzisse bolacha de maizena, estaria muito mal.”
A empresária é parte de um setor em crescimento. Os produtos orgânicos movimentam mais de US$ 50 bilhões no mundo. Aqui no Brasil, em 2013, o volume comercializado cresceu 22% em relação ao ano anterior. Na previsão do Instituto de Promoção do Desenvolvimento (IPD), até o fim de 2014, deverá crescer outros 35% e alcançar um faturamento da ordem de R$ 2 bilhões.