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Mercado evangélico cresce ao apostar em consumidor fiel

De moda a aplicativos religiosos, segmento movimenta cerca de R$ 21,5 bilhões por ano

7 dez 2015 - 07h00
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Nos momentos mais difíceis, há quem diga que o socorro vem da oração. Esta frase pode até ser discutível, mas no contexto da crise que afeta o Brasil em 2015, não há como negar que a fé têm sido a tábua de salvação para muitos negócios. Em certos casos, literalmente.

Como gerir uma empresa com poucos recursos?

Com 42,2 milhões de potenciais consumidores, segundo dados do Censo 2010 do IBGE, o mercado evangélico tem gerado cada vez mais oportunidades para quem busca empreender, e já conta com negócios de nicho e forte demanda por tecnologia. Marcelo Rebello, presidente da Abrepe (Associação Brasileira de Empresas e Profissionais Evangélicos) e organizador do Salão Internacional Gospel, afirma que o segmento vem passando por um processo de expansão ao longo dos últimos anos graças ao maior número de adeptos desta religião. De acordo com dados do IBGE, a quantidade de evangélicos cresceu 61% entre 2000 e 2010, enquanto a de católicos recuou 1,3% no mesmo período.

Realizado em São Paulo, Salão Internacional Gospel já está em sua quinta edição e reúne desde gravadoras e editoras até empresas de tecnologia, moda e turismo
Realizado em São Paulo, Salão Internacional Gospel já está em sua quinta edição e reúne desde gravadoras e editoras até empresas de tecnologia, moda e turismo
Foto: Divulgação

“Estimamos que os evangélicos movimentem cerca de R$ 21,5 bilhões por ano. É um público com bom poder de consumo, pois vive uma vida mais regrada e não gasta com bebida, cigarro ou balada. O mercado começou a se dar conta disso nos últimos 10 anos, e o número de empresas voltadas pra eles está crescendo”, diz.

Por seguirem os ensinamentos da Bíblia, muitos adeptos da religião optam por comprar produtos que estejam adequados à doutrina cristã, mas encontram dificuldades de encontrá-los em lojas convencionais, abrindo oportunidade para o surgimento de negócios especializados. “Um dos preceitos bíblicos é que a pessoa não pode ser sensual, e os comércios de moda evangélica oferecem peças que não marquem demais o corpo, atendendo a esta demanda”, exemplifica.

Segmentar é preciso

Com o passar dos anos, esse público também vem se tornando mais exigente. Além de evitar uma roupa considerada vulgar dentro dos padrões da religião, muitos evangélicos desejam uma peça com estilo, elegante ou mesmo descolada, o que tem motivado a criação de alguns negócios segmentados. É o caso da Servos Cia, especializada em moda social masculina de alto padrão.

“O mercado evangélico já conta com grandes players, e hoje é preciso ter um diferencial para investir na área. Nossa aposta está no fato de o homem gostar de se vestir bem, mas encontrar altos preços em ternos de grife. Oferecemos produtos de qualidade similar, mas que saem muito mais barato em função da marca”, revela Anderson Finizola, proprietário da Servos Cia.

“Muitos negócios também têm apostado em roupas que atendam às exigências de diferentes doutrinas. Algumas mais ortodoxas, como os batistas, e outras mais liberais, que permitem até a criação de camisetas de moda jovem com frases bíblicas em contextos de skate e hip hop”, acrescenta Marcelo.

Apesar da grande quantidade de lojas especializadas em vestuário, o mercado evangélico não se restringe apenas a este setor. Com 22 anos de existência, a Estrela da Manhã comercializa brindes e presentes, como canetas e chaveiros, voltados para o público cristão. “Temos uma produção própria e investimos em itens de qualidade e bom preço. Porém, o mais importante é a mensagem, pois quem compra nossos produtos deseja tocar alguém com a palavra de Jesus. Para nós, não é apenas um comércio. É um trabalho de evangelização também”, afirma Cátia Coelho, sócia-proprietária da empresa.

Invasão tecnológica

Marcelo ainda destaca outros segmentos que têm ganhado força entre os evangélicos. Para ele, o turismo religioso vem sendo impulsionado pelo aumento da demanda de viagens para Israel e pela participação dos fiéis em eventos e congressos. O setor de tecnologia também tem conquistado espaço, pois há pastores que despertaram para a necessidade de ter um melhor aproveitamento dos recursos de áudio e vídeo na comunicação com os fieis.

“Grande parte das igrejas já transmite seus cultos ao vivo pela internet, e isso gera a necessidade de serviços de edição, por exemplo. Além disso, hoje existem redes sociais para evangélicos e aplicativos de pregação online que permitem o contato do fiel com o pastor em tempo real”, revela.

Por lidar com um público que tem costumes e linguagem próprios, o empreendedor que pensa em investir neste segmento não precisa ser evangélico, mas deve entender e respeitar o universo do cliente para ter sucesso. “Conhecer bem o mercado é a regra básica para o sucesso de qualquer empresa. Então, quem é evangélico já tem uma grande em vantagem neste ponto”, encerra Anderson.

Fonte: PrimaPagina
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