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O que as startups podem esperar para 2023?

*Juliana Strohl é líder de Jurídico e Compliance da Kamino O ano de 2022 começou acelerado para as startups. Segundo pesquisa realizada pela plataforma Distrito, os investimentos somam, de janeiro a agosto, um montante aproximado de R$ 3,6 bilhões. Após um período de incertezas causadas pela crise e em razão da pandemia, esse número deu […]

4 jan 2023 - 04h22
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*Juliana Strohl é líder de Jurídico e Compliance da Kamino

Foto: Canva / Startups

O ano de 2022 começou acelerado para as startups. Segundo pesquisa realizada pela plataforma Distrito, os investimentos somam, de janeiro a agosto, um montante aproximado de R$ 3,6 bilhões. Após um período de incertezas causadas pela crise e em razão da pandemia, esse número deu indícios de um aquecimento econômico e fomento à inovação.

Acontece que, a partir do meio do ano, eles tiveram uma queda. E, de acordo com o índice divulgado pela LexLatin, no acumulado do ano, quando comparamos com o mesmo período em 2021, os investimentos foram 45% menores. A desaceleração, porém, não é surpreendente, dado que 2021 foi o melhor ano para o ecossistema de inovação no Brasil.

Existia uma especulação de que um dos maiores desafios deste ano seria manter o ritmo de 2021, tanto no que diz respeito aos investimentos, como em lançamento de novos negócios, crescimento interno, contratação de equipe, entre outros. Com um cenário de instabilidade econômica e a crescente dos juros no Brasil e no exterior, os empresários se mostraram menos dispostos a arriscar, sendo muito mais criteriosos com seus investimentos em Venture Capital, ou capital de risco, o que explica, em partes, essa queda.

Para 2023, a expectativa é que o cenário de Venture Capital continue desafiador. Essa é uma modalidade de investimento em empresas jovens com expectativa de crescimento rápido e rentabilidade alta, além de ser o modelo mais tradicional de captação utilizado pelas startups que buscam escalar seus negócios. Porém, existem algumas mudanças legislativas que podem ter impacto direto na retomada das rodadas de investimentos, como o Marco Cambial, por exemplo, que entrará em vigor em 31 de dezembro.

O interesse de fundos estrangeiros por entidades brasileiras já acontece há algum tempo. O marco cambial poderá, portanto, favorecer ainda mais os investimentos externos. A reforma cambial facilitará a entrada de investimento estrangeiro no País, abertura de contas em dólar, entre outros aspectos importantes que contribuem para facilitar as próximas rodadas.

Outro ponto a ser observado são os M&As, do inglês Mergers and Acquisitions, também conhecidos como fusões e aquisições, que seguirão crescendo em 2023. Segundo a PwC Brasil, tivemos um volume recorde de transações nos seis primeiros meses de 2022. Foram cerca de 807 deals fechados só neste período. A tendência é que o movimento continue no mesmo ritmo até o final do ano e, caso se confirme, de acordo com levantamento feito pela Bain & Company, os M&As podem movimentar US$ 4,7 trilhões (R$ 24,5 trilhões) até dezembro deste ano. Essa estratégia foi importante durante a pandemia para que muitas companhias que perderam caixa driblassem a crise e garantissem sua sobrevivência, sendo incorporadas por organizações mais sólidas.

Processos internos

Olhando agora para os processos internos, também podemos dizer que a automação será bastante utilizada em 2023. Seguindo o alto número de layoffs ocorridos no ano, principalmente pelas big techs, investir em tecnologia e automação interna pode ser uma forma de conseguir reduzir custos e tornar os times cada vez mais eficientes. Isso é parte das medidas adotadas por empresas para continuarem funcionando diante de um cenário onde há escassez de recursos e necessidade de 'enxugar' o time.

Na área jurídica, por exemplo, pudemos notar o uso de softwares e inteligência artificial, inclusive na elaboração e organização de contratos mais simples. A tendência se mantém para o próximo ano, onde teremos cada vez mais o apoio de inteligência e dados para modernizar, até mesmo os setores mais tradicionais.

Apesar das adversidades, acredito que as startups têm se adequado neste período de mudanças. Em um esforço para atrair novos investidores e traduzir as métricas dos negócios para eles, também há a adesão ao visual law, que é uma maneira de tornar documentos e peças processuais mais atrativas, facilitando sua leitura e compreensão. Recursos como este fazem parte da reinvenção, que buscam para encarar os novos desafios do mercado e conseguir prestar contas com investidores cada vez mais exigentes.

Diferenciar o seu negócio do que já existe hoje e contar com soluções fornecidas por especialistas pode ser o caminho para novos empreendedores, porque sim, existe espaço para mais. Que venha 2023 com novos negócios e rodadas de investimentos para que as startups brasileiras possam trilhar suas jornadas rumo ao sucesso.

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