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Professor mineiro já vendeu empresa até para o Google

Nivio Ziviani, da UFMG, criou três companhias nos últimos 18 anos. Vendeu duas, uma para o Google. Aos 68 anos, continua à frente do terceiro empreendimento

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O docente de Ciências da Computação: No momento em que a sociedade passa a enxergar a universidade como geradora de riqueza, os ganhos podem ser enormes
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Foto: Divulgação

O empreendedorismo em universidades não é uma prática muito comum no Brasil. A criação de empresas que dependem da pesquisa intensiva tem pouco espaço. O professor mineiro Nivio Ziviani é uma exceção: com 68 anos, exibe no currículo três startups fundadas nos últimos 20 anos. Duas delas foram tão bem-sucedidas que acabaram vendidas, uma delas para os poderosos empresários do Google. A terceira e atual tem dez funcionários e faturamento anual na casa dos milhares.

Desde 1982, o docente do departamento de Ciência da Computação já sabia da importância de aproximar universidade e mercado da maneira mais eficiente possível: aplicando o conhecimento em empresas produtivas. Estudante de graduação de engenharia mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na virada dos anos 70, ele foi monitor do primeiro computador da instituição, uma peça do tamanho de uma sala.

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Sua vida mudou no começo dos anos 80, quando fez doutorado na Universidade de Waterloo, no Canadá, onde foi aluno de Gaston Gonnet, fundador de 11 empresas. “Ele me ensinou a importância de transformar resultados de pesquisa em riqueza para a sociedade, na forma de startups”, conta Nivio.

A expansão da internet, na década seguinte, facilitou o desenvolvimento de startups na UFMG. Em 1994, Nivio fundou o Laboratório para Tratamento da Informação, existente ainda hoje, com objetivo de gerar tecnologias com utilidade comercial. De dentro do campus mineiro surgiriam empresas como o Mercado Persa, um dos primeiros sites de comércio eletrônico do Brasil, e o projeto de computador popular que deu origem à empresa International Syst.

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Foi nesta época que Nivio assumiu a frente de sua primeira empresa: a Miner surgiu em 1997, resultado de uma sociedade com um aluno de mestrado que pesquisava robôs eletrônicos capazes de realizar buscas na internet com maior eficiência. Nove meses depois do lançamento, a ferramenta tinha 30 mil consultas diárias. Foi vendida em 1999 por R$ 4 milhões.

Enquanto assinava a papelada de venda, o professor estava pronto para o próximo passo.

Nivio Ziviani (à direita) em reunião na UFMG com os fundadores do Google, Sergey Brin e Larry Page (à esquerda)
Nivio Ziviani (à direita) em reunião na UFMG com os fundadores do Google, Sergey Brin e Larry Page (à esquerda)
Foto: Divulgação
Profissionais de ponta

A Akwan, especializada em buscas muito específicas na internet, surgiu em 1999. Em 2005, chamou a atenção dos fundadores do Google, que no ano seguinte chegaram a visitar Nivio e sua equipe no Brasil. A compra da Akwan, por um valor nunca revelado, foi a segunda na história da empresa realizada fora dos Estados Unidos. Foi a partir da negociação que surgiu, em Belo Horizonte, o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento do Google na América Latina. O Google não queria só a tecnologia desenvolvida pelo pesquisador: procurava também mão de obra extremamente qualificada que ele havia treinado.

A parceria da universidade com as empresas criadas dentro de seu polo de tecnologia continua se mostrando positiva para os dois lados. Depois da venda da Miner, Nivio doou R$ 100 mil à UFMG, uma forma de retribuir a instituição e demonstrar, de maneira concreta, o tipo de retorno que pode surgir da parceria entre acadêmicos e empreendedores. E mais: a universidade é hoje detentora de 5% das ações da Zunnit, o terceiro e mais recente empreendimento do professor.

A Zunnit é especializada em recomendação: a sugestão personalizada de notícias e produtos culturais para o usuário e o uso de técnicas de deep learning e big data para fornecer análises do comportamento dos internautas..

Para Nivio Ziviani, a geração de empresas da parte de universitários é uma necessidade. “No momento em que a sociedade passa a enxergar a universidade como geradora de riqueza, os ganhos podem ser enormes”, afirma. “Gostaria de ir muito mais longe e poder contribuir para a criação de um paradigma que possa ser seguido por muitos outros grupos de pesquisa.”

Fonte: PrimaPagina
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