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Renda e realização levam aposentados a empreender

É cada vez maior o número de idosos que abrem seus próprios negócios depois de “pendurar as chuteiras” no antigo emprego

17 jul 2015 - 07h00
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Seja para complementar a renda da aposentadoria, seja para buscar realização profissional, o número de empreendedores da terceira idade vem aumentando nos últimos anos no Brasil. De acordo com dados da edição de 2014 do Global Entrepreneurship Monitor – levantamento mundial que mede o nível de empreendedorismo em cada país – 8% dos empreendedores iniciais (cujos negócios têm menos de 3,5 anos de existência) no Brasil estão na faixa de 55 a 64, totalizando 1,376 milhão de pessoas. Em 2002 este percentual era 6%.

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A terceira idade é um momento propício para começar a empreender, pois o idoso conta com algumas vantagens que podem contribuir para o sucesso no negócio, afirma o gerente do Sebrae-SP  Paulo Marcelo Tavares Ribeiro. “Em primeiro lugar, a pessoa já construiu um patrimônio e terá recursos próprios para investir. Além disso, ele tem muito mais bagagem e sabe analisar bem os cenários, que são importantes diferenciais competitivos”, diz. 

Após trabalhar por 43 anos em um frigorífico, Edi resolveu ter seu próprio negócio em 2000, quando tinha 62 anos
Após trabalhar por 43 anos em um frigorífico, Edi resolveu ter seu próprio negócio em 2000, quando tinha 62 anos
Foto: Divulgação

Experiência de sobra

Os conhecimentos acumulados ao longo de toda uma vida de trabalho são um grande diferencial dos aposentados empreendedores. Ribeiro diz que, depois de trabalhar muitos anos como funcionário, alguns idosos aproveitam esta experiência acumulada para abrir um negócio na mesma área, e chegam até a concorrer com seu antigo empregador.

Esta é a história de Edi Luiz Deitos. Ele trabalhou durante 43 anos em um frigorífico na cidade de Serafina Corrêa (RS), chegando ao cargo de diretor da área industrial. Quando o negócio foi adquirido pela Perdigão, no fim dos anos 1990, ele descobriu que logo teria de se aposentar e optou por investir em uma área semelhante à que atuava. “Eu não queria ficar parado e comecei a viajar para ver o que iria fazer. Em uma visita a uma feira de alimentos na Europa, descobri o mercado de vegetais congelados, que ainda era desconhecido no Brasil”, conta. 

Assim, no ano 2000, aos 62 anos, Edi fundou sua própria empresa de vegetais congelados, a Grano, na mesma cidade onde trabalhava, pois já conhecia os fornecedores da região. Atualmente, a empresa trabalha com 120 pequenos produtores, produz mil toneladas de vegetais congelados por mês e espera fechar o ano com um faturamento de R$ 72 milhões. “Quando trabalhei no frigorífico, sempre administrei como se fosse meu. Aprendi a planejar, fazer orçamentos, e essa experiência me ajuda demais hoje”, afirma o aposentado empreendedor.

A Grano produz vegetais congelados e espera faturar R$ 72 milhões em 2015
A Grano produz vegetais congelados e espera faturar R$ 72 milhões em 2015
Foto: Divulgação

Criando as próprias oportunidades

Outro motivo que leva os idosos a abrirem seu próprio negócio, segundo o gerente do Sebrae-SP, é a falta de oportunidades de emprego nesta faixa etária. “Uma aposentadoria muitas vezes não é suficiente para sustentar a família, e o idoso encontra dificuldades para se colocar no mercado. A saída, então, é abrir um negócio para complementar a renda”, afirma Paulo Marcelo Ribeiro.

Foi o que fez Lucila Mara da Silva. Depois de passar a vida inteira trabalhando como professora de costura, ela teve de se afastar de suas atividades para tratar um câncer. Enquanto se recuperava da doença, ela percebeu que teria problemas para se recolocar no mercado, e começou a pensar em abrir uma empresa.

Depois de alguns meses pesquisando, ela recebeu um email da Sigbol, rede de franquias que comercializa cursos de moda, e se interessou em criar uma unidade na cidade de Osasco (SP) em 2013, quando tinha 63 anos. “Sempre tive vontade de ter um negócio próprio e era uma área que eu já conhecia. Comecei a pensar em tudo ainda durante o tratamento. Isso me ajudou a esquecer a doença”, lembra.

Lucila teve de interromper a carreira de professora de costura para tratar um câncer, e hoje, aos 65 anos, é dona de uma unidade da Sigbol
Lucila teve de interromper a carreira de professora de costura para tratar um câncer, e hoje, aos 65 anos, é dona de uma unidade da Sigbol
Foto: Divulgação

Uma das maiores dificuldades que ela enfrentou foi na hora de encontrar professores qualificados. Porém, a experiência de anos na costura fez a diferença quando teve de selecionar os funcionários. Outro problema enfrentado por Lucila foi a falta de conhecimento em informática. “Como não sou da geração computador, tive de estudar muito, pedir ajuda para meus funcionários. Mas hoje já estou adaptada e penso até em abrir uma nova unidade em 2016”, afirma.

Independentemente do motivo que leva o idoso a abrir um negócio, Paulo afirma que o mais importante é que ele tenha um perfil empreendedor. “Muitas pesquisas mostram que os negócios dão certo pelo comportamento do empreendedor. No Sebrae, a pessoa pode tanto fazer esta análise de perfil como se matricular em cursos e capacitações que ajudam a potencializar as características que vão contribuir para o sucesso do negócio”, encerra.

Fonte: PrimaPagina
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