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'Trabalho presencial serve para conexão, não para produtividade', diz CEO da WeWork no Brasil

Levantamento da empresa, com foco na América Latina, aponta que 97% das pessoas que passaram a trabalhar no formato híbrido tiveram impacto positivo no humor

9 nov 2022 - 05h10
(atualizado às 14h50)
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O trabalho presencial não tem mais o mesmo propósito. Hoje, o principal motivo para funcionários estarem dentro de um mesmo ambiente é o networking, com troca de experiências e conversas, para conexão entre pessoas. O modelo que focava apenas em produtividade já está defasado. Essa é a visão do CEO da WeWork (rede global de coworkings) no Brasil, Felipe Rizzo.

O CEO da WeWork no Brasil, Felipe Rizzo
O CEO da WeWork no Brasil, Felipe Rizzo
Foto: WeWork/Divulgação / Estadão

Segundo ele, os trabalhadores de escritório entendem que o encontro presencial é mais focado, agora, no desenvolvimento de equipe. "Eu posso produzir de qualquer lugar. O remoto não é só estar longe do presencial, mas trabalhar de qualquer lugar, desde que com a infraestrutura necessária", explica o executivo.

Flexibilidade, podendo trabalhar de onde quiser, é um dos principais benefícios do trabalho híbrido, de acordo com o CEO da WeWork no Brasil
Flexibilidade, podendo trabalhar de onde quiser, é um dos principais benefícios do trabalho híbrido, de acordo com o CEO da WeWork no Brasil
Foto: WeWork/Divulgação / Estadão

Esse pensamento é corroborado por uma pesquisa que a companhia fez, em parceria com a Page Outsourcing, com foco em modelos de trabalho na América Latina, contemplando Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica e México. O levantamento contou com 250 entrevistas qualitativas, ou seja, mais aprofundadas, e 8 mil quantitativas, por meio de pesquisas digitais.

De acordo com o trabalho, 82% dos profissionais se dizem mais felizes e saudáveis com o trabalho híbrido e 70% dos entrevistados mudaram de modalidade de trabalho por conta da pandemia, sendo que o híbrido, com presencial e home office, acabou se tornando o "mais popular".

Ainda na América Latina, a pesquisa mostra que dois terços dos entrevistados têm exatamente a modalidade de trabalho que preferem e 33% pretendem mudar. Desse total, apenas 1% quer ir para um regime presencial, com intuito de separar melhor as vidas pessoal e profissional; 18% gostariam de alcançar um trabalho remoto e 14% afirmam desejar um esquema híbrido com maior flexibilidade. E essa palavra "flexibilidade" foi bastante destacada por Rizzo, em entrevista ao Estadão.

"O mote está na flexibilidade. Falou em híbrido, falou de flexibilidade. Se o híbrido é engessado, obrigando-o em determinados dias a ir ao escritório (não é tão bom)", diz o executivo. Agora dar ao funcionário a flexibilidade de decidir quando ir ao escritório é melhor. "O benefício mais forte é aquele em que cada indivíduo pode achar o seu melhor equilíbrio entre pessoal e profissional."

Além disso, quando olhamos apenas para o Brasil, no ato de procurar emprego, a modalidade - seja presencial, remoto ou híbrido - está quase em "pé de igualdade" com o salário pago para o trabalhador em termos de importância. Para 73% dos brasileiros ouvidos na pesquisa, esse quesito é o segundo ponto com maior relevância, atrás apenas do salário, 76%. Também no recorte nacional, 81% dos entrevistados consideram que o modelo de trabalho que contemple presencial e remoto é o mais atraente.

Rizzo também comenta que a necessidade pelo formato presencial precisa ser "real". "O que as pessoas não querem é estar presentes sem um propósito claro e necessário. Perder tempo de deslocamento (com trânsito ou transporte público) e entrar em uma reunião que poderia ser feita em casa não é interessante", fala.

Outro tópico sobre o documento da WeWork é o impacto do trabalho flexível na saúde mental do colaborador e como tudo isso afeta cada geração de maneira diferente. Para 98% das pessoas da Geração X (entre 41 e 56 anos, no escopo da pesquisa), houve impacto positivo na saúde mental. Para os Millennials (entre 26 e 40 anos), o benefício mental também existiu, mas em uma menor parcela, 67%.

Para Rizzo, essa diferença na percepção em relação à saúde mental se dá, provavelmente, por conta dos momentos diferentes que cada geração possui, pessoal e profissionalmente. "A chance de alguém da geração X ter filhos é maior. Para eles, a flexibilidade aparenta ser um grande ganho neste cenário. No final, todos percebem ganho na saúde mental, a questão é em que proporção. Para os millennials, que podem estar com uma carreira em estruturação, por exemplo, galgando ainda cargos de liderança, pode ser que isso fique mais complexo", comenta.

Estadão
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