México promete adotar medidas contra os EUA e diz que 'problemas não se resolvem com tarifas'

BRASÍLIA - A presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse que o país vai implementar um plano com medidas tarifárias e não tarifárias sobre os Estados Unidos. A reação do país ocorre após o anúncio pelo governo de Donald Trump que os Estados Unidos vão impor tarifa de 25% sobre produtos importados mexicanos a partir da próxima terça-feira, 4.

"Instruí o secretário de Economia a implementar o Plano B no qual estamos trabalhando, que inclui medidas tarifárias e não tarifárias em defesa dos interesses do México", disse Sheinbaum em publicação na rede social X, antigo Twitter.

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Na semana passada, Sheinbaum havia antecipado que o governo estava preparado e detinha um plano "B" caso as tarifas fossem aplicadas. Mas, na ocasião, afirmou que acreditava que isso não iria acontecer. A Casa Branca justificou a aplicação de tarifas sobre produtos do México, Canadá e China como "medida decisiva para proteger os americanos da crise do fentanil", alegando haver enxurrada de "drogas venenosas" nos Estados Unidos oriundos desses países.

Em declaração na sua rede social, Sheinbaum rejeitou a declaração da Casa Branca de que o governo mexicano teria alianças com organizações criminosas e também rebateu qualquer intenção de intervenção dos Estados Unidos no território mexicano.

"Se tal aliança existe em algum lugar é nos arsenais dos Estados Unidos que vendem armas de alto poder para esses grupos criminosos, como demonstrou o próprio Departamento de Justiça dos Estados Unidos em janeiro deste ano", criticou a presidente mexicana, citando apreensão de 20 milhões de doses de fentanil e toneladas de drogas pela sua gestão.

Sheinbaum criticou também o método adotado pelos Estados Unidos para combater o consumo de fentanil no país, elencando uma série de medidas que poderiam ser tomadas pelo governo Trump.

"O México não quer confronto. O México não só não quer que o fentanil chegue aos Estados Unidos, mas a nenhum outro lugar. Portanto, se os Estados Unidos querem combater os grupos criminosos que traficam drogas e geram violência, devemos trabalhar juntos de forma integrada", observou a presidente do México, propondo um grupo de trabalho com a gestão Trump.

"Os problemas não se resolvem impondo tarifas, mas sim conversando e dialogando, como fizemos nas últimas semanas com o seu Departamento de Estado para abordar o fenômeno da migração; no nosso caso, com respeito aos direitos humanos", concluiu.