Mineração tem potencial para reduzir a desigualdade social; leia o artigo
Estamos vivendo uma janela de oportunidades para o desenvolvimento de uma nova forma de operar
A mineração brasileira tem potencial de sobra para aumentar sua capacidade produtiva e gerar mais renda, empregos e inclusão social. O setor ocupa uma posição vital na economia, representando 4% do Produto Interno Bruto (PIB), e emprega quase 2,5 milhões de pessoas. No ano passado, recolheu R$ 86,2 bilhões em impostos.
Os investimentos estimados para os próximos cinco anos são de R$ 250 bilhões, mas podem ser ainda maiores no futuro por causa da demanda pelos minérios da transição energética, como cobre, níquel e lítio. Estamos, de fato, vivendo uma janela de oportunidades para o desenvolvimento de uma nova forma de operar, mais sustentável, inovadora e segura, que atenda aos anseios da sociedade, reduzindo os impactos inerentes à atividade.
É importante ressaltar, de outro lado, que a mineração tem estreita convivência com as comunidades locais, muitas vezes situadas em áreas remotas e isoladas. Ao longo dos anos, essa relação passou a requerer um diálogo aberto e transparente, compromissos e compensações sociais de longo prazo e um melhor desempenho da atuação socioambiental das empresas.
Em 2019, o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) lançou uma carta-compromisso assumindo publicamente uma série de ações visando à transparência das atividades e ao aumento da escuta e do diálogo. Um dado positivo, de recente estudo do Ibram, mostra que, dos 15 municípios que mais arrecadaram royalties em 2022, 10 apresentaram Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) superior ao de seus respectivos Estados. Ainda é pouco, pois, em muitas dessas cidades, há grandes bolsões de pobreza.
O Brasil retornou ao mapa da fome, e é preciso que a mineração assuma um papel relevante no combate às desigualdades. Em 2021, a Vale assumiu o compromisso de retirar 500 mil pessoas da extrema pobreza em nosso país até 2030. Os primeiros projetos implantados já contam com cerca de 20 mil pessoas mapeadas em quatro Estados.
Estamos desenvolvendo uma metodologia para priorizar comunidades ao redor das operações, considerando riscos, impactos e gestão de relacionamento. Em 2022, foram mapeadas 1.532 comunidades consideradas prioritárias para realizar um plano de engajamento visando a melhorar as condições de vida das pessoas.
São muitos os desafios, mas a mineração, com todo o seu potencial econômico, já mostrou que tem plena capacidade de contribuir com o Brasil para o desenvolvimento de uma nova economia de baixo carbono, conciliando proteção ambiental, geração de empregos e justiça social.
Eduardo Bartolomeo é presidente da Vale.