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Ministra vê China com apetite forte e diz trabalhar para elevar produção de grãos

26 jan 2021 - 15h37
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O apetite da China pela importação de grãos do Brasil deve se manter forte em 2021, disse nesta terça-feira a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, destacando especialmente a recomposição do rebanho de suínos do país asiático após uma epidemia de peste suína africana.

Ministra da Agricultura, Tereza Cristina 
08/12/2020
REUTERS/Ueslei Marcelino
Ministra da Agricultura, Tereza Cristina 08/12/2020 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

Em entrevista à Rádio Bandeirantes, Tereza afirmou que a reconstrução do rebanho de porcos da China não era algo esperado "já para este ano", mas que os sinais dessa recomposição, que surgiram já no final de 2020, aumentam a importância do uso de produtos agrícolas pelo país.

"Eles já conseguiram superar (a peste suína), transformar essa suinocultura. Portanto, o uso de insumos agrícolas, produtos agrícolas --soja, farelo de soja, milho-- é muito importante, e esses números realmente aumentaram de maneira substancial e vão entrar este ano adentro", disse a ministra.

A peste suína africana dizimou o rebanho de suínos da China, o maior do mundo, a partir de surtos inicialmente registrados em meados de 2018. Após o abate de milhões de animais, o país iniciou medidas para recomposição das criações, tendo registrado um crescimento de 31% no rebanho ao final de 2020, a 406,5 milhões de cabeças, em comparação anual.

A China é a maior compradora de soja do Brasil --que, por sua vez, tem a oleaginosa como principal produto de exportação. Em 2020, o país asiático comprou 60,8 milhões de toneladas do complexo soja do Brasil, segundo dados do sistema Agrostat, do Ministério da Agricultura. Já o comércio de milho entre os dois países é incipiente.

Frente às expectativas de firme demanda no agronegócio, a ministra --que também destacou o aumento das compras por países como Vietnã e Indonésia-- elencou como seu principal desafio no comando da pasta o aumento da produção de grãos no país, citando produtos como soja, milho e arroz.

"O meu desafio agora... é produzir mais milho --para a próxima safra de verão, no segundo semestre, estimular o plantio de milho; estimular o plantio de soja, que já está estimulado pelos preços; o plantio de arroz também, que é muito importante para o abastecimento interno e também para as exportações, que o Brasil entrou agora nesse mercado exportador de arroz", disse a Tereza.

Atualmente, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima a produção de grãos do Brasil em 2020/21 em um recorde de 264,8 milhões de toneladas, alta de 3,1% em relação à temporada anterior.

CRÍTICAS À FRANÇA

Durante a entrevista, a ministra da Agricultura também criticou o presidente da França, Emmanuel Macron, por ter associado a produção de soja do Brasil ao desmatamento da floresta amazônica. Para ela, há uma "campanha contra o agro brasileiro na Europa e o Macron é quem mais reverbera isso."

Em uma publicação no Twitter no início deste ano, o presidente francês disse que "continuar a depender da soja brasileira seria endossar o desmatamento da Amazônia", defendendo a produção da oleaginosa na Europa.

"Eu acho que o Macron, com aquela fala dele, não ajudou em nada --inclusive falou bobagem sobre sua agricultura, a agricultura francesa, que não é capaz, pela sua área, pela sua extensão, de suprir a soja que importa do Brasil", disse Tereza Cristina.

"Se ele deixar de comprar soja brasileira, o mercado vai se acomodar. Ele vai comprar mais dos Estados Unidos e nós vamos vender mais para outros países", acrescentou.

Em 2020, a França adquiriu 83.458 toneladas em soja do Brasil, de acordo com o Agrostat.

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