Script = https://s1.trrsf.com/update-1734630909/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Ministro vai propor a Bolsonaro juntar Mdic e Trabalho

Proposição de Marcos Jorge acontece após empresários demonstrarem preocupação de que ministério da Indústria seja engolido

5 nov 2018 - 12h44
(atualizado às 13h13)
Compartilhar
Exibir comentários

XANGAI - Numa tentativa de evitar que o ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) seja engolido pela criação do superministério da Economia, o atual ministro, Marcos Jorge, vai endossar junto à equipe de transição do presidente eleito, Jair Bolsonaro, a ideia, colocada por entidades do setor produtivo, que propõe a fusão da pasta responsável por políticas industriais com o ministério do Trabalho. Esse desenho, segundo o ministro, permitiria sinergia maior do que a reorganização prometida pelo governo que toma posse em janeiro.

O desconforto dos empresários com a incorporação do Mdic numa pasta de Economia foi adiantado nesta segunda-feira, 5, em reportagem do jornal Valor Econômico. Segundo a matéria, dez entidades representantes do setor industrial levaram ao deputado Onyx Lorenzoni, futuro ministro da Casa Civil de Bolsonaro, uma proposta para a criação do ministério da Produção, Trabalho e Comércio, resultado da fusão do Mdic com o Trabalho.

O Ministério do Trabalho é responsável, por exemplo, pela emissão da CTPS
O Ministério do Trabalho é responsável, por exemplo, pela emissão da CTPS
Foto: Ale Silva / Futura Press

Na China, o plano de reforma ministerial do presidente eleito foi alvo de críticas do titular do Mdic e também do atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi - ambas as pastas podem ser absorvidas pelas estruturas de superministério do futuro governo.

Bolsonaro está reavaliando a ideia de unir Agricultura e Meio Ambiente, mas está mantendo o plano, anunciado durante a campanha pelo Planalto, de agrupar as pastas de Fazenda, Planejamento e Indústria num único ministério da Economia.

Ao falar sobre o assunto, Marcos Jorge disse que, embora concorde com a ideia de redução do número de ministérios, a pasta da Indústria teria convergência maior com a do Trabalho.

Nesse desenho, defendeu o ministro, os ministérios da Indústria e do Trabalho teriam melhores condições de trabalhar, juntos, em torno de uma "agenda de futuro", o que inclui a qualificação tanto de mão de obra quanto do setor produtivo para as tecnologias da nova revolução industrial.

"De fato, estou pensando no momento que talvez esse seja um desenho adequado. Temos que verificar a disposição da equipe de governo (eleito) para que possamos passar de forma mais aprofundada uma ideia de remodelamento como essa", comentou o ministro.

Sistema S

Marcos Jorge acrescentou que, unidos num "Ministério da Produção, Trabalho e Comércio", as duas pastas poderiam reunir num único local todo o Sistema S, cujas competências são atualmente divididas entre o ministério da Indústria, que fica com Sebrae e Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), e ministério do Trabalho, responsável por Senai e Senac.

Já o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, que já havia alertado na semana passada sobre possíveis prejuízos ao agronegócio se a união com o ministério do Meio Ambiente for concretizada, voltou a criticar o plano. Para Maggi, a proposta de Bolsonaro fará com que o ministro da Agricultura, normalmente vindo do setor agropecuário, tenha que tratar de matérias das quais tem pouca familiaridade, como licenciamento ambiental de atividades não ligadas ao campo.

"Acho que vai atrair ao ministério da Agricultura demandas que não são nossas. O tempo de trabalho que um ministro e toda sua equipe têm já é bastante apertado para as demandas do agronegócio", assinalou Maggi; "Perde agilidade. Há conflitos de interesses, não devemos negar", acrescentou o ministro, numa referência à possibilidade de flexibilização de regras ambientais à produção agrícola.

Junto com o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, Maggi e Marcos Jorge acompanham a delegação empresarial brasileira que está em Xangai para participar, nesta semana, de uma megafeira com importadores chineses. No total, 250 empresários e representantes de quase 200 empresas participam do que é considerada a maior missão de prospecção de mercado e promoção de produtos brasileiros já realizada em território chinês.

Ao participar de encontro com a comitiva organizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o chanceler Aloysio Nunes disse que não faria comentários sobre a política brasileira.

Marcos Jorge, por sua vez, falou ao Estadão/Broadcast sobre a fusão das pastas econômicas, mas evitou responder às declarações do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, que classificou o ministério da Indústria como uma "trincheira" do protecionismo da indústria. "Não vou comentar porque não é o momento adequado".

Blairo Maggi, por sua vez, chegou a Xangai após participar de outra missão empresarial em Abu Dhabi, onde teve que responder a questionamentos sobre a promessa feita por Bolsonaro de transferir de Tel-Aviv para Jerusalém a embaixada brasileira em Israel. Há receio de que o plano, confirmado pelo presidente eleito na quinta-feira, provoque retaliações comerciais por países árabes, grandes importadores de proteína animal do Brasil.

"Se esse for o caminho a ser seguido, nós vamos ter alguns problemas, alguns questionamentos. O mundo árabe tem uma participação enorme na compra de frango e de bovinos. Não sei qual é a intenção (de Bolsonaro), mas fico preocupado", afirmou Maggi.

*o repórter viajou a convite da Fiesp

Veja também

Movimentos do futuro governo:
Estadão
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade