Moedas do Brasil Colônia, encontradas por lavrador, são mesmo um 'tesouro'? Saiba quanto podem valer
Dependendo do ano em que foi emitida, se tem defeitos ou até detalhes mínimos, a moeda pode chegar a valer R$ 60 mil
A história de um lavrador que encontrou um jarro com mais de 200 moedas antigas do período Brasil Colônia, enquanto tentava caçar ouro em Conceição de Tocantins (TO), chamou atenção. Afinal, é possível encontrar essas moedas por aí? Elas são tão valiosas assim?
Sem saber dessas respostas, o sortudo, Valdomiro Costa, guardou os itens em um banco após descobrir o que pode ser um verdadeiro tesouro através de um detector de metais. O fato dessa quantidade enorme de moedas antigas estarem enterradas não é tão incomum assim.
Naquele período, as moedas eram cunhadas em metais como cobre, bronze, prata e até ouro. "Por terem muito valor na época, era comum que as pessoas escondessem o dinheiro, enterrando, como se fosse um tesouro mesmo", explica André Rigue, especialista da comunidade numismática - ciência que estuda cédulas e moedas do Brasil e do mundo. "Muitas vezes, somente o dono do dinheiro sabia onde as moedas estavam enterradas, dai quando essas pessoas morriam, e as propriedades eram vendidas, aquele dinheiro ficava lá esquecido".
O fato de o lavrador que encontrou o 'tesouro' ter utilizado um detector de metais foi essencial para a descoberta. "Tenho colegas que já encontraram moedas de bronze e de cobre dessa forma. Mas não adianta sair por aí com um detector de metais, porque essas moedas são escassas, difíceis de encontrar, por isso mesmo são tão valiosas", completa o especialista.
Em entrevista à TV Anhanguera, Valdomiro Costa conta que comprou um detector de metais para procurar ouro, pois sabia da história do Ciclo do Ouro na região, quando a mineração era a atividade econômica mais importante da época. Foi por causa desse indício que ele encontrou as peças antigas, cujo valor pode impressionar.
"Moedas antigas do período da Colônia, do Império e até mesmo do começo da República vão ter grande valor", detalha Rigue. "Especificamente sobre o período colonial, as mais difíceis de encontrar e mais valiosas são as de ouro, que podem chegar a valer entre R$ 50 mil a R$ 60 mil no mercado de coleção".
No caso do Valdomiro, foram encontradas 206 moedas de bronze, datadas de 1816, o que por si só já é um grande feito. Mas ele também achou uma moeda de 960 réis cunhada em prata, conhecida como ‘Patacão’, que pode ser ainda mais valiosa.
"O valor exato vai depender das complexidades da moeda. O tipo, onde foi emitida, se tem algum defeito que a torna ainda mais rara... até a contagem de pérolas [impressa em algumas moedas] influencia no preço", pontua o especialista. "De qualquer forma, qualquer moeda desse período vai ter um bom valor no mercado, porque são extremamente difíceis de achar".
Apesar de valiosas, não é certo que Valdomiro vá conseguir comercializar essas moedas antigas, isso porque as peças podem ser consideradas material arqueológico. Uma equipe do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan) fará análises nas moedas para determinar seu valor histórico.
E caso você queira saber se possuí algum dinheiro valioso do período Brasil Colônia, André Rigue dá o caminho: "Não tem erro. São moedas grandes, datadas entre 1700 até 1800. Se você tiver dinheiro com essa data, saiba que é valioso".
Dinheiro valioso
Falando em moedas, há algumas bem mais recentes do que as do período Brasil Colônia que são raras e valiosas. É o caso das moedas comemorativas dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio de Janeiro de 2016. Apesar de serem moedas de R$ 1, elas podem valer até até R$ 300.
Além das moedas, as cédulas também podem ser muito valiosas. É o caso de uma nota de R$ 50 que não possui a frase 'Deus seja louvado' impressa e, por isso, é extremamente rara, chegando a custar de R$ 3,5 mil a R$ 4 mil se estiver bem conservada.
Outra nota muito procurada pelos colecionadores é uma de R$ 5 que, por causa de um pequeno detalhe, pode valer R$ 400.
Há ainda uma nota de R$ 10 que - também por possuir um asterisco em sua numeração - representa um valor maior do que o número que está impresso no papel. Segundo André Rigue, a cédula em questão pode ser adquirida por um colecionador por até R$ 4 mil dependendo do estado de conservação. "Muitos pensam que a cédula de R$ 10 mais valiosa é aquela de plástico, mas tem modelos antigos bem mais visados", pontua.
Além de detalhes, como símbolos na numeração, até mesmo um erro pode tornar seu dinheiro valioso, como é o caso da moeda de 50 centavos que, por um equívoco na impressão, foi emitida como sendo de 5 centavos, mas que hoje pode valer até R$ 1,8 mil.