Morre Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, aos 96 anos
Delfim Netto estava internado em São Paulo e causa da morte teria sido por complicações em seu quadro de saúde
Morreu na madrugada desta segunda-feira, 12, Antônio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento, economista e ex-deputado federal, aos 96 anos. Ele estava internado, desde o último dia 5, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
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A causa da morte não foi identificada, mas foi informado que ele teria morrido por complicações em seu quadro de saúde.
Ele deixa esposa, uma filha e um neto. Segundo a família, o velório e sepultamento serão realizados em uma cerimônia restrita para a família e amigos.
Quem foi Delfim Netto
Neto de imigrantes italianos, e de origem humilde, Delfim Netto foi professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), e um dos mais longevos ministros da Fazenda no Brasil. Ele ocupou o cargo de 1967 a 1974, período da Ditadura Militar no país.
Também foi ministro do Planejamento entre 1979 e 1985, ministro da Agricultura em 1979 e embaixador do Brasil na França de 1975 a 1977.
Apesar de ter atuado durante o governo dos generais Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici e João Baptista Figueiredo, ele foi também um dos principais conselheiros de presidentes petistas e de empresários, após a redemocratização do Brasil.
Era ele que estava sob o comando da economia, entre 1967 e 1973, anos mais violentos da ditadura, quando o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 85% e a renda per capita dos brasileiros, 62%. Em 4 anos, Delfim saiu 18 vezes na capa da revista Veja, e era a figura do governo que mais aparecia nos jornais da época.
Delfim não só testemunhou como influenciou alguns dos momentos mais marcantes da história do Brasil. Estava presente (e votou a favor), no dia 13 de dezembro de 1968, quando o general Costa e Silva baixou o Ato Institucional número 5, decreto que acabou com liberdades políticas e deu poder de exceção a governantes para punir arbitrariamente os inimigos do regime. Foi protagonista do milagre econômico, que culminou mais tarde na crise do endividamento externo brasileiro. Viu a hiperinflação, a redemocratização, participou da Constituinte, criticou o Plano Real, ajudou o PT a chegar ao poder.
Após o fim do regime militar, participou das eleições em 1986 como candidato à Câmara dos Deputados. Em 2014, doou para a FEA-USP sua biblioteca pessoal, com mais de 100 mil títulos acumulados ao longo de 80 anos.
Delfim Netto tem mais de 10 livros publicados sobre problemas econômicos do Brasil, além de centenas de artigos e estudos. Ele colaborou semanalmente escrevendo colunas para os jornais Folha de S.Paulo e Valor Econômico e para a revista Carta Capital. Seus artigos eram também publicados em cerca de 70 jornais de todo o País. (*Com informações do Estadão Conteúdo)