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Mourão: acordo entre Mercosul e UE 'começa a fazer água'

Vice-presidente disse que o Brasil precisa manter contatos diretos de negociação com a UE; segundo ele, a imprensa criou 'ruído' com Merkel

27 ago 2020 - 15h29
(atualizado às 15h39)
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Vice-presidente Hamilton Mourão em Brasília
15/07/2020 REUTERS/Adriano Machado
Vice-presidente Hamilton Mourão em Brasília 15/07/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

RIO - O vice-presidente Hamilton Mourão classificou como "surreal" a forma como as notícias sobre incêndios na Amazônia são divulgadas. "Segundo os dados de 26 de agosto, existem 24 mil focos de calor na Amazônia. São 24 mil em 5 milhões de quilômetros quadrados, um incêndio a cada 200 quilômetros quadrados. É surreal como isso é colocado para as pessoas", afirmou Mourão, que é chefe do Conselho da Amazônia, grupo criado pelo governo federal para combater a destruição da floresta e incentivar atividades ecologicamente corretas. "E 17% desses incêndios são legais. Sabemos muito bem onde estão ocorrendo (os incêndios ilegais)."

As afirmações foram feitas durante o webinar "Brasil: Futuro Econômico", promovido pela Federação das Câmaras de Comércio Exterior, Confederação Nacional do Comércio (CNC) e Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ).

Questionado sobre comércio exterior, ele disse queem função da pandemia de covid-19, o ambiente de negócios está mudando e o Brasil precisa aproveitar a chance para ampliar seus mercados: "A participação do Brasil no comércio (mundial) é muito pequena, cerca de 1%. Temos uma imagem ainda abalada por preconceitos, mas é hora do País se posicionar melhor nas cadeias de comércio." Segundo ele, o que importa é o resultado comercial, não "a orientação ideológica" do parceiro.

Mourão citou a crise econômica vivida pela Argentina, principal parceiro comercial do Brasil na América do Sul, e disse que o acordo econômico entre Mercosul e União Europeia "começa a fazer água". Por isso, segundo ele, é importante que o Brasil mantenha canais diretos de negociação com a União Europeia.

"O Brasil tem um relacionamento muito bom com a Alemanha", garantiu, afirmando que a imprensa causou "ruído" ao tratar da postura da premiê alemã Angela Merkel. "(Há) pouco tempo a imprensa falou que a Angela Merkel teria dito que o acordo estaria sob judice, mas na realidade ela foi cobrada pela ativista ambiental Greta Thunberg e resolveu não fazer nenhum comentário a respeito. Mas o que já se publica na imprensa no Brasil é algo totalmente diferente do que está acontecendo na realidade", criticou.

Na semana passada, Angela Merkel expressou dúvidas sobre o futuro do acordo comercial entre a UE e Mercosul, dada a ameaça ecológica que paira sobre a Amazônia. "Temos sérias dúvidas de que o acordo possa ser aplicado conforme o planejado", disse o porta-voz da chanceler, Steffen Seibert.

Mourão ainda defendeu a reforma tributária, desprezou a saída de capital estrangeiro do Brasil, alegando que são especuladores, e afirmou que o Brasil precisa oferecer "um ambiente de negócios mais amigável" para atrair investidores estrangeiros.

Durante o evento, ele respondeu perguntas de cinco entrevistadores: o presidente da Fecomércio RJ, Antonio Florencio de Queiroz Junior, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Sergio Ricardo Segovia Barbosa, o presidente da Federação das Câmaras de Comércio Exterior, Paulo Fernando Marcondes Ferraz, e o presidente do Conselho Superior da Federação das Câmaras de Comércio Exterior e embaixador do Brasil na Argentina, embaixador José Botafogo Gonçalves.

Estadão
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