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Mourão admite que governo atrasou reação de combate ao desmatamento

O vice-presidente considera que os índices de desmatamento na Amazônia Legal chegaram a um patamar inaceitável em 2019 e que este ano ainda não será melhor do que o anterior

13 jul 2020 - 18h39
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BRASÍLIA — Cobrado por investidores brasileiros e estrangeiros, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, admitiu, nesta segunda-feira, 13, que o governo Jair Bolsonaro demorou a tomar as medidas necessárias para combater o desmatamento na região amazônica. Segundo ele, as ações ocorreram com cerca de cinco meses de atraso. Mourão também considera que os índices de desmatamento na Amazônia Legal chegaram a um patamar inaceitável em 2019 e que este ano ainda não será melhor do que o anterior.

"Em termos de desmatamento, não será melhor (em 2020) do que no ano passado, posso dizer isso tranquilamente porque nós deveríamos ter começado o combate ao desmatamento em dezembro do ano passado ou, no mais tardar, em janeiro deste ano. Fomos começar em maio, o Conselho (da Amazônia) foi criado só em fevereiro", disse o vice-presidente durante videoconferência promovida pela Genial Investimentos.

Mourão destacou que também não havia recursos suficientes para atuar no combate ao desmatamento. "Vamos lembrar que estamos com todos os recursos do governo carreados para o enfrentamento da pandemia (da covid-19). Até agora não tínhamos conseguido nenhum recurso extra para as operações que estão sendo realizadas", disse. "Em termos de desmatamento não será melhor (este ano), mas, em termos de (diminuição das) queimadas, sim", acrescentou Mourão.

Na semana passada, o Estadão revelou que a operação Verde Brasil 2, anunciada no início de maio, executou, até o momento, apenas 0,7% de seu orçamento previsto, um engessamento que tem impactado diretamente a operação e que já paralisa ações planejadas em campo.

Segundo o vice-presidente, que também comanda o Conselho da Amazônia, o Brasil começou a registrar um aumento expressivo no desmatamento e nas queimadas a partir de 2012, o que se intensificou no ano passado e gerou forte reação internacional. "Até que, no ano passado, tivemos uma alta bem grande do desmatamento e que chamou atenção do resto do mundo a esse respeito", declarou Mourão.

"O que nós erramos, vamos colocar assim... Em primeiro lugar, a gente não nega que houve desmatamento além do que pode ser considerado aceitável, dentro dos 20% de cada propriedade rural e fora das unidades de conservação e de terras indígenas. A primeira coisa é aceitar que ultrapassou o limite essa questão do desmatamento", admitiu.

Mourão voltou a justificar as falhas no desempenho do governo na área ambiental devido a uma suposta perda de capacidade operacional do Ibama e do ICMBio. "Recebemos no nosso governo, tanto Ibama como ICMBio com 50% do seu efetivo, e o que sobra não está destinado totalmente para a Amazônia. O efetivo na Amazônia é muito reduzido."

Ele também defendeu que o governo tem que adotar medidas com o apoio das Forças Armadas "para dar mais corpo na atividade de fiscalização" na Amazônia Legal. "Temos que também avançar em outros temas fundamentais que são regularização fundiária, pagamento por serviços ambientais e investimento na bioeconomia", disse.

O vice-presidente relembrou o encontro com representantes de fundos internacionais e com empresários brasileiros na semana passada. "Uma vez que o Brasil resgate a sua vocação, o seu papel, como um grande ator do meio ambiente, que é o que nós somos, nós temos todos os meios para nos apresentarmos como um player de nível excelente perante o mundo em relação ao meio ambiente", afirmou Mourão.

Estadão
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