MT busca R$1,5 bi em investimentos em rodovias para melhorar transporte de grãos
O Estado de Mato Grosso busca cerca de 1,5 bilhão de reais em investimentos privados durante a primeira fase de um programa que visa conceder concessões para construir e operar estradas na maior região produtora de grãos do Brasil, segundo informações do governo.
O Mato Grosso concederá inicialmente concessões para 525 km, divididos em três trechos nas regiões de Alto Araguaia, Alta Floresta e Tangará da Serra, segundo uma nota.
Os concorrentes pelas licenças também vão se comprometer a investimentos adicionais de 1,6 bilhão de reais a serem feitos ao longo de 30 anos em ações de conservação da qualidade da malha viária.
O Brasil, o maior exportador global de soja e o segundo de milho, depende majoritariamente de estradas para o transporte de grãos até os portos, enquanto mantém uma utilização relativamente baixa de ferrovias e hidrovias.
Essa situação eleva custos de logística e coloca o país em uma desvantagem em relação a produtores dos Estados Unidos, disse Thiago Péra, analista de logística da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo, durante entrevista por telefone.
No ano passado, o custo de transportar soja de Mato Grosso para a China, via o porto de Santos, foi de 92,12 dólares por tonelada, segundo um relatório do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).
Isso se compara com uma média de 64 dólares por tonelada para embarcar soja do Iowa para o mesmo porto na China, segundo os dados.
No entanto, o lançamento do programa para atrair investidores privados sinaliza que o governo do Estado está tentando resolver históricos problemas de gargalos logísticos de Mato Grosso, que tornam o transporte de grãos ineficiente e caro.
"A infraestrutura de transporte é o principal obstáculo para o desenvolvimento regional da região Centro-Oeste", disse o governo do Estado de Mato Grosso em nota.
A economia de Mato Grosso crescerá pelo menos 5 por cento em 2017, disse o governo, citando projeções do Banco Santander, ritmo maior que qualquer Estado brasileiro graças à sua forte indústria do agronegócio.
O Estado é responsável por cerca de 27 por cento da produção de soja e 30 por cento da produção de milho do Brasil.