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Na ONU, Bill Gates pede 'impostos justos' e ajuda a países em desenvolvimento

Em cúpula sobre financiamento para o desenvolvimento sustentável, bilionário defendeu a cooperação internacional para atingir a Agenda 2030

26 set 2019 - 18h38
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NOVA YORK - Enquanto presidentes e líderes internacionais ainda discursam no terceiro dia Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas - que começou na terça-feira, 24, com discurso do presidente Jair Bolsonaro - a ONU é palco de uma cúpula para financiar a Agenda 2030 de desenvolvimento sustentável com chefes de Estado, empresários, investidores e autoridades internacionais. Um dos destaques do evento foi a presença do bilionário Bill Gates, fundador da Microsoft, filantropo e uma das pessoas mais ricas do mundo.

O empresário iniciou sua fala dizendo que os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável definidos pela ONU em 2015 oferecem metas concretas para acabar com problemas como a pobreza e a fome, e para promover crescimento econômico inclusivo, mas ressaltou que em muitos países os recursos locais são insuficientes para promovê-los. Gates afirmou que a cooperação internacional é fundamental para confrontar os efeitos das mudanças climáticas, que agravam as vulnerabilidades das populações mais pobres, e que realidades diferentes requerem financiamentos distintos.

"Ainda temos muito a fazer para cumprir a promessa completa dos objetivos de desenvolvimento sustentável para todos. O cumprimento dessa promessa exigirá vontade política de mobilizar recursos locais de forma equitativa, manter a ajuda internacional e direcionar recursos para onde eles são mais necessários", afirmou, dizendo que a assistência internacional para os países em desenvolvimento está em risco. A ONU estima que a realização desses objetivos poderia gerar US$ 12 trilhões na economia global, criando 380 milhões de novos empregos nos próximos 11 anos.

Bill Gates ressaltou ainda que as nações precisam aperfeiçoar seus sistemas de coleta de impostos e usar de maneira mais eficiente os recursos arrecadados, de forma que as pessoas percebam que estão tendo retorno com o que pagam. "Os países em desenvolvimento devem lutar para fazer os impostos serem justos". Ele também defendeu mais transparência nesse processo e afirmou que a arrecadação de impostos deve ser a principal fonte de financiar o desenvolvimento local.

Canalizar recursos para o desenvolvimento sustentável

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que há mais de US$ 200 trilhões em capital privado investido nos mercados financeiros globais com taxas de retorno que poderiam ser mais vantajosas em outras atividades. "Esses fundos podem ser canalizados para projetos de investimento sustentável mais produtivos, inclusive utilizando instrumentos de financiamento inovadores", afirmou o português, cujo mandato tem sido marcado pela defesa dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável. Guterres afirmou que o financiamento desses objetivos - como a erradicação da pobreza, promoção de educação de qualidade e igualdade de gênero - são um teste "da nossa seriedade", e que hoje os números estão longe do suficiente.

Guterres também lembrou que a cooperação internacional é crucial para reduzir a evasão fiscal, a corrupção e os fluxos financeiros ilícitos que privam os países em desenvolvimento de dezenas de bilhões de dólares em recursos potenciais para seu desenvolvimento. Ele anunciou que, em outubro, será lançada uma Aliança Global de Investidores para o Desenvolvimento Sustentável, responsável por cerca de US$ 16 trilhões. "Vou contar com o apoio deles (cerca de 30 CEOs de todas as regiões) para transformar esses objetivos de aspirações em ações, e também no alinhamento do financiamento às estratégias nacionais de desenvolvimento sustentável".

Presidente da 74ª Assembleia-Geral, o nigeriano Tijjani Muhammad-Bande reforçou as "tremendas oportunidades" de investimento no financiamento do desenvolvimento sustentável e disse que hoje há uma diferença anual de US$ 2.5 trilhões por ano entre recursos disponíveis e as necessidades para se atingir os objetivos definidos em 2015. "Precisamos gerar recursos, aumentar os investimentos privados e reduzir os fluxos ilícitos de dinheiro, que são uma perda para o desenvolvimento sustentável".

*O repórter viajou a convite da Organização das Nações Unidas

Estadão
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