Entenda plano que fez a polícia do Piauí recuperar mais de 5 mil celulares roubados em menos de um ano
Através de um acordo com o judiciário, a polícia criou um banco de dados com os números de identificação dos aparelhos
Quem teve o celular roubado ou furtado ainda pode ter esperança de recuperar o aparelho. Na capital do Piauí, em Teresina, a polícia resgatou mais de 5 mil telefones em 8 meses. Tudo isso através de uma estratégia de investigação que envolve um mapeamento minucioso e até blitz de trânsito. O caso foi contado pelo Fantástico, da TV Globo, no último domingo, 24.
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Essa história começa a partir da ideia de desenvolver um programa de computador que analisasse e agrupasse informações dos registros de furtos e roubo. Com a ajuda da Agência de Tecnologia da Informação do Estado do Piauí (ATI), a Secretaria de Segurança do estado criou o projeto.
A captação de dados se tornou ainda mais fácil quando o Judiciário entrou na parceria e não passou a ser mais necessário abrir um procedimento para cada caso. Com esse empenho, localizar o celular após ser 'tomado' da mão do dono se tornou simples e rápido.
Como funciona
O banco de dados criado pelo sistema inclui o IMEI, que é o número de registro de cada aparelho. É através desse código que a polícia do Piauí consegue saber exatamente onde foi parar cada telefone e com quem ele está.
Através de uma ordem judicial, as operadoras de telefonia são obrigadas a fornecer todas as informações das pessoas que já habilitaram uma nova linha nesses celulares roubados ou furtados. Dessa forma, fica fácil achar o aparelho.
O diretor de inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Piauí, Anchieta Nery, explicou ao Fantástico que o celular começa a ser monitorado assim que a identificação por IMEI é feita. A partir daí, a pessoa que está em posse do aparelho roubado ou furtado não tem mais paz.
Isso porque a polícia começa a disparar intimações em massa. "São 300, 500 ou 1000 intimações no mesmo dia. E para trazer uma segurança para o cidadão que é intimado, a intimação sempre sai de um perfil verificado da Secretaria de Segurança Pública", detalha.
O tempo desde a intimação até a entrega do aparelho costuma ser rápido. Depois de receber o aviso pelo celular, quem está usando o aparelho de origem duvidosa geralmente vai até a delegacia entregar às autoridades.
No entanto, não dá para dizer se quem está com o celular em mãos foi o responsável pelo roubo ou furto ou se a pessoa apenas adquiriu um aparelho de origem duvidosa. Por esse motivo, quem atende ao chamado da polícia e entrega o telefone sai de lá apenas com um registro de devolução voluntária, sem ser responsabilizado.
E se a pessoa não entregar?
Se a pessoa que está em posse do celular não devolve o aparelho de forma voluntária, a polícia praticamente ‘manda buscar’. A partir das informações do telefone, os investigadores monitoram o paradeiro da pessoa e tentam o resgate pessoalmente.
Para o retorno do celular acontecer, os policiais batem na porta daquele que não atendeu a intimação e até colocam blitzes de trânsito para checar os celulares. Dessa forma, Nery garante que o método é totalmente eficaz. "Hoje, o sistema de segurança do Piauí é capaz de afirmar que consegue buscar 100% dos celulares produto de roubo e furto", ressalta.
Para o secretário de Segurança Pública do Piauí, Chico Lucas, o procedimento é um modelo a ser seguido. Segundo ele, ao garantir punição aos que roubam ou furtam os aparelhos, a polícia desestimula o ato.
"A gente desestimula aquele ato criminoso lá da ponta do assaltante, porque ele deixa de vender para o comerciante e, por consequência, também o consumidor final, quando é responsabilizado, ele deixa de consumir", afirma.