'Não pode fazer desoneração sem contrapartida aos trabalhadores', diz Lula
Presidente afirmou que veto ao projeto prorrogaria a desoneração da folha de pagamento de dezessete setores até 2027
BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quarta-feira, 28, seu veto ao projeto de lei que prorrogaria a desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia até 2027.
"Acho que a gente não pode fazer desoneração sem dar contrapartida aos trabalhadores. Os trabalhadores precisam ganhar alguma coisa nessa história", disse o presidente da República.
"A empresa deixa de contribuir sobre a folha e o trabalhador ganha o quê? Não tem nada escrito que ele vai ganhar R$ 1 a mais no salário", declarou o petista.
Lula já tinha dado declaração com esse teor no passado, mas essa é a primeira vez que ele fala sobre o assunto depois do veto. Ele também disse que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve apresentar uma alternativa à desoneração.
Os setores hoje beneficiados pela desoneração pressionam para o Congresso derrubar o veto. Como mostrou o Estadão, na terça-feira, treze frentes parlamentares se uniram em um manifesto para defender a derrubada do veto. O documento é endereçado aos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Lula questionou o argumento das empresas de que o veto ameaça empregos. "Eu não sei se eles estão preocupados. Não sei qual é a razão. O fato de gerar mais emprego não foi, porque não tem nada na lei que diz que vai gerar mais emprego se tiver desoneração", declarou o presidente da República.
"Estou com dirigentes sindicais, com dirigentes dos empresários e com o governo desde o começo do ano negociando uma nova relação entre capital e trabalho no Brasil", disse Lula. O petista também defendeu o fortalecimento de sindicatos.
Lula deu as declarações a jornalistas em Riade, capital da Arábia Saudita, depois de uma série de compromissos no local. Ele está agora a caminho de Doha, no Catar.
A viagem também incluirá Dubai, nos Emirados Árabes, onde o petista participará da Conferência do Clima. Depois, ele irá para a Alemanha. Na volta ao Brasil, Lula participará da reunião do Mercosul no Rio de Janeiro. O presidente só deve estar de volta a Brasília no dia 8 ou 9 de dezembro