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Não sei se Copom respeitará orientação sobre corte de juros do comunicado anterior, diz Haddad

Comentário ocorre em momento de incerteza no mercado sobre a magnitude do corte a ser anunciado pelo Comitê de Política Monetária (Copom)

8 mai 2024 - 08h37
(atualizado às 12h25)
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Foto: CartaCapital

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira, 8,  que a taxa de juros do país, em 10,75% ao ano, continua muito elevada ao mesmo tempo que a inflação está comportada, acrescentando não saber se o Banco Central vai "respeitar" a orientação dada em sua última reunião de política monetária sobre o ritmo de corte da Selic.

"Não sei o que vai acontecer hoje, tem uma discussão sobre se respeita o comunicado anterior, que já se fazia referência a um corte 0,5 ponto percentual hoje, ou se haverá alguma alteração justificada", disse Haddad em entrevista ao programa "Bom dia, ministro", do CanalGov.

Os comentários ocorrem em um momento de incerteza no mercado sobre a magnitude do corte a ser anunciado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) nesta quarta-feira.

Em sua última reunião, em março, o Copom havia indicado manutenção do ritmo de 0,50 ponto percentual em maio, mas, desde então incertezas globais e domésticas levaram o mercado a precificar um ajuste mais cauteloso, de 0,25 p.p, após o próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmar que a autoridade monetária não tem condição de oferecer uma orientação futura nesse cenário.

Entre as incertezas globais estão principalmente o adiamento das expectativas de início de um ciclo de cortes de juros no Federal Reserve, devido a números acima do esperado na inflação dos Estados Unidos no início do ano, e também a possível escalada das tensões geopolíticas no Oriente Médio.

No Brasil, o panorama que torna imprevisível a decisão do Copom nesta quarta-feira envolve ainda dúvidas sobre o compromisso do governo com o ajuste das contas públicas e a possibilidade de alta em preços de alimentos importantes para o cálculo da inflação devido às chuvas intensas que têm atingido o Rio Grande do Sul na última semana.

Apesar de indicar não ter "informações" sobre a decisão do BC, Haddad reiterou que a inflação do país está "se comportando bem", afirmando que o índice de preços tem ficado dentro da banda da meta de inflação "com certo conforto".

Ele também disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai conseguir encerrar seu mandato com a inflação dentro da meta nos quatro anos, apontando que o líder do Executivo tem compromisso com o combate à alta dos preços.

"Eu sei do compromisso do presidente Lula com o combate à inflação. Ele sabe o que a inflação significa na vida das pessoas", afirmou.

O Copom realizou seis cortes consecutivos de 0,5 p.p. na taxa de juros desde o início de seu ciclo de afrouxamento monetário em agosto do ano passado.

No lado da inflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou com força em março e atingiu o nível mais fraco em oito meses, com a taxa em 12 meses indo abaixo de 4% pela primeira vez desde julho.

A meta de inflação do BC para 2024, 2025 e 2026 é de 3%, com um intervalo permitido de 1,5 p.p. para baixo ou para cima.

DESONERAÇÃO E REFORMA TRIBUTÁRIA

Na entrevista, Haddad afirmou que uma contraproposta feita por empresários para a questão da desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia está em linha com um "caminho de pacificação", apontando esperar uma solução para o tema.

Segundo o ministro, o governo fez uma proposta nesta semana e os setores fizeram sua contraproposta na terça-feira.

"Reabrimos um debate que deveria ter acontecido em outubro do ano passado... A contraproposta está em consonância com o que entendemos que pode ser um caminho de pacificação."

O tema da prorrogação da desoneração da folha tem gerado um contínuo embate entre o governo e o Congresso desde o ano passado. Os parlamentares chegaram a derrubar um veto do presidente Lula à matéria.

Haddad defendeu, ainda, que tudo indica que a regulamentação da reforma tributária será aprovada no Congresso ainda neste ano, apesar de um calendário legislativo afetado pelas eleições municipais no segundo semestre.

Ele afirmou não estar vendo indisposição do Legislativo para enfrentar os problemas do país, argumentando que todas as propostas enviadas pelo ministério desde o início do governo tiveram a deliberação dos parlamentares.

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