New Fortress marca entrada em gás no Brasil com aquisições de US$5 bi
A New Fortress Energy anunciou nesta quarta-feira que irá comprar a Hygo Energy Transition e a Golar LNG, em um negócio combinado de 5 bilhões de dólares que marca a entrada do grupo no setor de gás natural do Brasil.
Em paralelo, a empresa de infraestrutura de energia disse que selou memorando com BR Distribuidora e CCETC Brasil Holding para potencial compra de ativos de geração térmica no maior país da América Latina, que tem buscado abrir sua indústria de gás para investidores privados.
A Hygo, uma joint venture 50%-50% entre a Golar LNG e a empresa de private equity norte-americana Stonepeak Infrastructure Partners, foi avaliada em 3,1 bilhões de dólares, ou 2,18 bilhões de dólares se excluídas dívidas, de acordo com comunicado da New Fortress.
A joint venture atua com gás natural liquefeito (GNL) e tem se tornado um investidor-chave no Brasil em momento em que a estatal Petrobras vende ativos para acabar com o que há cinco anos era um quase monopólio no setor.
Já a Golar LNG Partners será adquirida por cerca de 251 milhões de dólares, em negócio que avaliou a empresa, incluindo dívidas, em 1,9 bilhão de dólares.
As ações da Golar LNG Ltd subiram 14,6% nas primeiras negociações após o anúncio, enquanto as ações da New Fortress Energy saltaram mais de 10%.
PÓS LAVA-JATO
A aquisição da Hygo ocorre quatro meses depois que a estreia de negociação de ações da empresa em Nova York foi suspensa no último minuto devido a um suposto envolvimento de seu então presidente-executivo em um caso de corrupção no Brasil.
O executivo foi citado por delatores na famosa Operação Lava Jato, por meio da qual autoridades brasileiras têm investigado diversas estatais, empresas privadas e políticos nos últimos anos.
Testemunhas disseram que o então presidente da Hygo teria participado de uma negociação de suborno em 2011, quando trabalhava para outro grupo, uma alegação que ele negou por meio de seu advogado. O executivo, que não foi alvo de uma acusação formal até o momento, deixou a Hygo.
A New Fortress Energy (NFE) disse que irá adquirir todas as ações em circulação da Hygo, pagando com 31,4 milhões ações ordinárias de sua emissão Classe A e 580 milhões de dólares em dinheiro.
Pela operação, a NFE também irá ficar com um terminal de regaseificação e armazenamento flutuante já operacional (FSRU) e uma participação de 50% em uma termelétrica de 1.500 megawatts no Sergipe. Ela também ficará com outros dois terminais FSRU em estágios avançados no Brasil.
Além do terminal FSRU, a Hygo possui dois navios de transporte de GNL.
Por meio do negócio com a Golar Power, a NFE também acrescentará a seus ativos seis FSRUs, quatro navios transportadores de GNL e uma participação nos trens 1 e 2 do Hilli, um navio de liquefação de gás. Esses ativos devem apoiar as operações atuais da empresa e seu portfólio internacional de projetos.
OUTROS NEGÓCIOS
A New Fortress anunciou em separado também nesta quarta-feira a assinatura de um memorando de entendimentos não vinculante com a BR Distribuidora e a CCETC Brasil Holding para potencial compra das geradoras Pecém Energia e Energética Camaçari Muricy II.
Essas duas geradoras possuem contratos de venda de energia para a construção de usinas a gás que somariam 288 megawatts em capacidade.
A assinatura do contrato definitivo de compra e venda está prevista para janeiro, sujeita à aprovação final do Conselho de Administração da BR, segundo a companhia.
Além disso, a New Fortress celebrou um contrato definitivo para adquirir a CH4 Energia, que possui as principais licenças e autorizações para desenvolver um terminal de GNL e usinas a gás com até 1,37 GW no Porto de Suape, em Pernambuco.
O objetivo da New Fortress é alterar local previsto para as térmicas da Pecém Energia e da Camaçari Muricy e construí-las no Porto de Suape, junto ao terminal de importação de GNL.
A transferência está sujeita a aprovação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e outras autoridades, ressaltou a empresa.
A expectativa da New Fortress é fornecer GNL e gás natural aos principais consumidores de energia dentro do complexo portuário e em toda a região Nordeste do Brasil.
O terminal e a usina do Porto de Suape devem entrar em operação comercial até o final de 2022, segundo a companhia.