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Ninguém ganha com a presença excessiva de turistas em determinados locais; leia artigo

Para combater o chamado overtourism, é preciso criar condições de hospedagem e de transporte por meio de um trabalho conjunto entre a iniciativa privada e o poder público

10 jan 2024 - 03h10
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O que a Praça de São Marcos tem em comum com as praias de Barcelona? Localizadas em países e com atributos diferentes, alinham-se no quesito atratividade e o resultado é o overtourism, fenômeno relacionado à presença excessiva de turistas em determinados locais e que é debatido há anos.

Ninguém ganha com o overtourism: além de esgotar atrativos, especialmente os naturais, a experiência aquém da expectativa e as dificuldades enfrentadas no que diz respeito à mão de obra são desafios que se complementam aos que vivem nas comunidades locais, com problemas de trânsito, lixo nas ruas e aumento no custo de vida, entre outros.

Pela perspectiva nacional, podemos afirmar que o Brasil vive excessos ligados à sazonalidade, mas que ainda não configuram overtourism. Ênfase no "ainda". Afinal, há alguns destinos brasileiros empregando estratégias para combater o turismo de massa. É o que acontece com atrativos como o Cristo Redentor (RJ) e o Parque Nacional do Iguaçu (PR), que limitam a entrada diária de visitantes. E Ubatuba, no litoral norte paulista, começou a taxar a entrada de carros no município. A limitação é uma estratégia eficaz, mas a taxação cria uma barreira econômica e não causa um impacto tão significativo. Ou seja, é preciso pensar além para fazer mais.

Com isso, quero dizer que ninguém precisa riscar Paris ou Lisboa da lista dos sonhos, mas dá para conhecer esses locais sem pressioná-los ainda mais. A criação de polos para hospedagem no entorno de destinos mais procurados é realidade em diversas partes do mundo e dá as caras no Brasil - que o diga Santo Antônio do Pinhal, município que se desenvolveu como alternativa à popular Campos do Jordão.

É preciso, entretanto, criar condições de hospedagem e de transporte, por meio de um trabalho conjunto entre a iniciativa privada e o poder público.

Outro ponto a considerarmos é que a dimensão territorial é uma grande vantagem do Brasil na apresentação e consolidação de novos roteiros. É o caso, por exemplo, do Jalapão. Até pouco tempo as pessoas não conheciam o Jalapão e hoje o destino está na moda, mas isso só é possível porque há bases para receber esses turistas.

Mais uma vez, é preciso lembrar que o ciclo inclui o incentivo do poder público para o investimento na criação de estruturas em novas regiões pela iniciativa privada, além do fomento desses destinos via secretarias de turismo e da formatação de produtos pela cadeia de vendas. O combate ao overtourism demanda esforços de todos.

Clayton Araújo é gerente comercial Brasil da Europamundo Vacaciones.

Estadão
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