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"Nova CPMF é única alternativa para Guedes", dispara Cintra

Para o ex-secretário da Receita, sem o imposto sobre movimentação financeiro ministro da Economia não terá como cumprir a promessa

13 set 2019 - 07h59
(atualizado às 08h23)
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Mesmo depois de sua saída do governo, o ex-secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, aposta que a contribuição sobre pagamentos, a nova CPMF, não será enterrada. Em entrevista ao Estado, Cintra afirma que se acumulou alguma "adversidade política" contra o seu nome pela força de suas convicções. Sem o novo imposto, diz Cintra, o ministro da Economia, Paulo Guedes, não tem como cumprir a promessa de desonerar a folha de pagamento das empresas. Leia abaixo a entrevista.

Marcos Cintra
Marcos Cintra
Foto: Pedro França / Agência Senado

Com sua saída, a nova CPMF, o tributo sobre movimentação financeira, está morta e enterrada?

Eu acredito que ela não será enterrada, porque é a única alternativa viável de fazer a desoneração da folha (zerar ou reduzir a contribuição de 20% sobre os salários que as empresas pagam). Se há desejo de fazer a desoneração, vai ter que se voltar a esse tema de maneira modificada, atenuada e maneira mais gradativa. Esse tributo será renegociado. Uma contribuição como nós estávamos propondo é absolutamente essencial para abrir espaço fiscal para poder fazer a reforma de impostos no Brasil. Sem esse espaço, não vejo como desonerar R$ 200 bilhões ou até mais dependendo de onde se queira chegar na desoneração.

Para desoneração da folha completa quanto é preciso de arrecadação?

O ideal é desonerar a folha por completo. Precisaria de R$ 230 bilhões a R$ 250 bilhões. Um valor desse não tem onde sequer imaginar que outro tributo existente possa acomodar uma arrecadação adicional desse tamanho. Sem gerar isso, não há como gerar emprego e baratear o trabalho. É um tributo universal e com potencial de arrecadação muito grande.

O ministro Paulo Guedes era um defensor da volta da CPMF. Ele mudou de ideia?

Eu não sei. Isso você precisa perguntar para ele. Mas até o momento em que estive no governo o tempo inteiro era uma alternativa que estava sendo considerada e discutida com toda a análise que um tributo precisa sofrer. Esse tributo vai, sim, ter que continuar sendo considerado.

Ficou alguma mágoa do Paulo Guedes?

Não. Eu sou um profissional. Tenho 30 anos de janela do setor público e já passei por tudo que é cargo e função e sei que as coisas têm que ser levadas, sobretudo, pelas circunstâncias.

Por que esse imposto é diferente dos outros?

Imposto de Renda hoje já está em patamares elevados. Nós já temos alíquotas mais altas do que muitos países. E hoje existe uma tendência de redução de alíquotas do IR. Não tem mais espaço para sofrer uma nova tributação. Pelo contrário. Eu não vejo dentro dos tributos brasileiros, o PIS/Cofins e o ICMS e IR, não vejo como aumentar. Que outros tributos nós temos? Mais nenhum.

Por que o sr. saiu? Foi por causa da CPMF ou de mudanças na Receita?

Eu quero pergunta técnica. Esse negócio de fofoca interno de governo não constrói nada. Se acumulei alguma adversidade política contra o meu nome foi pela força das minhas convicções. Continuo torcendo muito pelo sucesso desse governo. O que mais me surpreende é que a desoneração de folha, que é, sobretudo, uma redução de impostos sobre o trabalho, tenha sido difamada e acusada de ser um novo imposto e aumento de carga sobre o contribuinte.

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