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Novo cartão de crédito para MEI: facilidade ou risco de endividamento?

28 set 2024 - 06h02
(atualizado em 30/9/2024 às 11h39)
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Resumo
Lançamento do cartão MEI promete fortalecer o microempreendedorismo no Brasil, mas é necessário cuidado com taxas de juros e destinação dos recursos.
Foto: Freepik

O recente lançamento do cartão de crédito e débito exclusivo para Microempreendedores Individuais (MEI), em parceria com o Banco do Brasil, é uma ação estratégica que reflete o esforço do Governo Federal para fortalecer o microempreendedorismo no país.

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Essa iniciativa visa facilitar o acesso ao crédito e incentivar a formalização de novos empreendimentos, algo crucial em um cenário em que os MEIs têm um papel cada vez mais significativo na economia brasileira, que conta com mais de 14 milhões de registros ativos.

Entre os benefícios prometidos pelo cartão estão a isenção de anuidade, a possibilidade de parcelamento de compras e faturas e ferramentas que facilitam o controle financeiro, como a centralização do pagamento de contas e boletos. Essas vantagens podem, sem dúvida, auxiliar na gestão do fluxo de caixa, proporcionando uma solução prática para o empreendedor que busca organizar suas finanças de maneira eficiente e ter maior previsibilidade em suas operações.

Contudo, há aspectos importantes que merecem atenção. Embora o governo tenha destacado os benefícios de adesão ao cartão, não foram divulgados detalhes sobre as taxas de juros que serão aplicadas nos parcelamentos. Essa ausência de informações é preocupante, especialmente considerando o contexto atual de endividamento das famílias e pequenos negócios no Brasil. 

O cartão MEI, apesar das vantagens oferecidas, pode se transformar em uma armadilha para aqueles que não utilizarem o crédito de forma estratégica. O crédito, se mal gerido, pode piorar a situação financeira tanto do CNPJ quanto do CPF dos empreendedores.

Outro ponto que deve ser cuidadosamente observado pelos usuários do cartão é o destino dos valores de crédito obtidos. É essencial que os gastos no cartão sejam direcionados para investimentos que gerem retorno financeiro ao microempreendimento. Caso contrário, o risco de endividamento pode aumentar, comprometendo a sustentabilidade do negócio.

Por outro lado, é importante destacar que, além das funcionalidades financeiras, o cartão MEI traz outros atrativos. O produto vem personalizado com uma logomarca exclusiva para o MEI e conta com um QR Code que redireciona o usuário ao Portal do Empreendedor. Além disso, os clientes terão acesso ao Liga PJ, uma plataforma de capacitação gratuita promovida pelo Banco do Brasil. Essa iniciativa oferece conteúdos valiosos para o desenvolvimento de competências de gestão, o que pode contribuir de maneira significativa para a melhoria do desempenho dos microempreendedores.

Embora o lançamento do cartão seja uma ação positiva, especialmente pelo potencial de inclusão financeira que oferece, é fundamental que os empreendedores utilizem essa ferramenta com responsabilidade. O crédito deve ser visto como um recurso para alavancar o negócio e não como uma solução para resolver problemas imediatos de caixa. A educação financeira e o planejamento estratégico serão peças-chave para garantir que essa inovação realmente traga os benefícios esperados, sem agravar o já elevado nível de endividamento dos pequenos empresários no Brasil.

O governo, ao fomentar o uso de instrumentos como o cartão MEI, contribui para a formalização e crescimento dos pequenos negócios. No entanto, a falta de clareza sobre as taxas de juros pode comprometer o sucesso dessa iniciativa. Cabe aos microempreendedores ficarem atentos e utilizarem esse recurso de maneira consciente, sempre buscando maximizar o retorno sobre os investimentos feitos. Afinal, o cartão de crédito deve ser uma ferramenta de apoio ao crescimento e não uma fonte de complicações financeiras.

(*) Murillo Torelli é professor de Ciências Contábeis do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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