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Novos edifícios no Brasil querem um lugar entre os mais altos do mundo

24 mar 2025 - 14h50
(atualizado às 16h12)
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O projeto do que promete ser o edifício residencial mais alto do mundo será lançado em 10 de maio na cidade catarinense de Balneário Camboriú, região famosa por seus arranha-céus e por abrigar o metro quadrado mais caro do país.

Chamado de Senna Tower, o empreendimento deverá ter 509 metros de altura, o que vai superar os 294 metros do Yachthouse by Pininfarina, também em Balneário Camboriú, atualmente o residencial mais alto do Brasil, e os 435 metros da Steinway Tower, em Nova York, atualmente o residencial mais alto do mundo, segundo ranking internacional do Skyscraper Center.

O edifício é um projeto do grupo FG - com investimento previsto de R$3 bilhões - e está sendo tocado em parceria com a rede de lojas de departamento Havan, do empresário catarinense Luciano Hang. O grupo FG é controlado por Francisco Graciola e Jean Graciola, pai e filho, tradicionais empresários da construção civil de Santa Catarina.

No Senna Tower, os apartamentos poderão custar até R$200 milhões, segundo a FG. O prédio terá 228 apartamentos, incluindo 18 mansões suspensas de 420 a 563 metros quadrados, 204 apartamentos de até 400 metros quadrados, quatro coberturas duplex de 600 metros quadrados e duas coberturas triplex de 903 metros quadrados.

A empresa não deu detalhes sobre os preços, mas considerando o valor de R$200 milhões, o metro quadrado no empreendimento pode sair por R$500 mil. Segundo a FG, existe demanda por unidades no prédio desde seu anúncio, em setembro do ano passado, embora a companhia não revele o volume comercializado até agora.

"Eu vejo que isso (verticalização) é um processo irrefreável no Brasil, (mas) é um processo atrasado se comparado com grandes cidades de referência, como Nova York, Cingapura, Londres e outros grandes centros urbanos", disse Stéphane Domeneghini, diretora-executiva da consultoria especializada em prédios altos do Grupo FG, Talls Solutions, e engenheira responsável técnica pelo projeto do Senna Tower.

De acordo com dados do Skyscraper Center, dos 10 maiores arranha-céus do Brasil, oito estão em Balneário Camboriú. Na lista que reúne os maiores edifícios do mundo, dos 100 maiores brasileiros, 62 foram erguidos na última década, a maioria para uso residencial.

"O processo é recente, principalmente, porque os meios legais são recentes no Brasil", afirmou Domeneghini, citando o Estatuto da Cidade, criado em 2001, que estabeleceu diretrizes para a política urbana nacional, incluindo os Planos Diretores.

Segundo a especialista, o estatuto deu "liberdade" às cidades para atraírem investimentos a partir da ampliação do potencial construtivo - relação entre a área do terreno e a área que pode ser construída - em função do pagamento de outorgas, e Balneário foi um dos expoentes desse movimento, impulsionado por sua limitação espacial e alta demanda populacional.

CORRIDA AOS CÉUS

Mas a busca por alturas maiores não está restrita a Balneário Camboriú. Em São Paulo, a incorporadora WTorre, responsável por projetos como o estádio Allianz Parque e o shopping JK Iguatemi, está construindo o que promete ser o maior edifício corporativo do Estado, com 219 metros de altura, em parceria com o Carrefour Property, unidade de gestão e desenvolvimento imobiliário do Grupo Carrefour Brasil.

O prédio está sendo erguido no complexo Paseo Alto das Nações, nos arredores da Marginal Pinheiros, zona sul paulista, e tem previsão de lançamento no primeiro semestre de 2026. O empreendimento será maior que o edifício Platina 220, atualmente o maior arranha-céu de São Paulo, de 172 metros de altura, inaugurado em 2022 na região do Tatuapé, zona leste de São Paulo.

Para Marco Siqueira, presidente-executivo da WTorre, fatores logísticos foram uma das razões para a magnitude do edifício, mas também o seu "diferencial" para o endereço.

"A gente sabe que construir torres altas, que oferecem vistas diferentes....são também um atrativo", disse Siqueira. "Perto dali, nenhum tem esse diferencial de ser o mais alto", acrescentou.

Mas Igor Melro, diretor comercial da construtora Porte, responsável pelo Platina 220, está tranquilo em perder a liderança em altura em São Paulo.

"A gente não tem nenhum objetivo do ponto de vista de competição", disse Melro à Reuters. "A empresa nasceu na zona leste, escolheu desenvolver a zona leste e transformar a região... A gente tem como principal objetivo reter essas pessoas que prosperaram na região, para que a gente possa manter esse ecossistema."

Segundo Melro, o projeto do Platina 220 foi pensado para oferecer mais opções de escritórios, residenciais de alto padrão e outros espaços de necessidade da região e ultrapassou "sem querer" em dois metros aquele que foi o maior edifício de São Paulo por quase meio século, o Mirante do Vale, no centro da cidade.

"A região precisava de cada um desses usos e a melhor solução acabou sendo essa", disse. Atualmente, o Platina 220 está com cerca de 72% das unidades ocupadas e a Porte já planeja outros projetos para a região do Tatuapé, que incluem setores que vão da hotelaria, ao varejo, ensino e entretenimento.

DESAFIO SOROCABANO

Em Sorocaba, no interior de São Paulo, o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos), diz querer construir na cidade o maior prédio do mundo, superando o Burj Khalifa, nos Emirados, com um edifício de 1 km de altura e investimentos de R$2 bilhões.

"Além de reavivar o centro, vai se tornar uma rota turística nacional, porque quem não vai querer conhecer o maior prédio do mundo, que fica no interior de São Paulo?", disse Manga à Reuters. O município aprovou no final do ano passado novo Plano Diretor que revoga limites construtivos no centro expandido de Sorocaba, viabilizando a construção do edifício de 170 andares.

"(Antes) tinha um limite de até quatro vezes o tamanho do terreno, e o preço... era uma outorga que tornava inviável para o empreendedor fazer qualquer tipo de construção nesse sentido. Hoje não tem limite", afirmou o prefeito, acrescentando que o investimento bilionário viria da iniciativa privada.

Cerca de 25 empresas demonstraram interesse em assumir o projeto e estão em conversas com a Secretaria de Planejamento do município, disse Manga, sem revelar seus nomes.

Ainda que não haja construtora ou investidores definidos para o projeto almejado, o prefeito afirma que quer começar as obras ainda este ano. "A ideia nossa é que essa construção já comece em 2025."

O movimento de construção de arranha-céus maiores no Brasil parece ser uma tendência, disse o arquiteto e urbanista Luís Henrique Bueno Villanova, membro do Conselho de Edifícios Altos e Habitat Urbano (CTBUH, na sigla em inglês), organização internacional responsável pelo ranking do Skyscraper Center.

"É uma tendência no mundo, mas para nossa característica aqui do Brasil, precisaríamos ajeitar nossa maneira de planejar a cidade para que o edifício alto de fato funcione para o que ele deveria estar sendo proposto, que é aglomerar pessoas e adensar os locais", afirmou Villanova, notando a importância de um planejamento urbanístico para evitar que os projetos fiquem "soltos" e se tornem um "elefante branco" nas cidades.

"Isso tanto na base, que é a escala humana, quanto na compatibilização de alturas, no escalonamento, que ajudam até no sombreamento", afirmou, citando como exemplo de desafio o bloqueio da luz solar sobre construções vizinhas.

"Tudo isso tem como ser mitigado. Tanto é que cidades europeias e dos Estados Unidos, muito mais frias e com ângulos solares mais bruscos que os nossos, produzem edifícios altos sem problema nenhum... O que a gente precisa é adaptar."

Villanova também destacou desafios de infraestrutura na construção desses espigões.

"O edifício mais alto sempre vai gerar mais gastos energéticos do que qualquer outro, justamente porque ele tem esse poder de aglomerar mais pessoas dentro dele", disse. Entre as soluções, mencionou o reaproveitamento da água da chuva, painéis solares e vegetação na fachada.

"Esse edifício precisa estar contextualizado nessa cidade que já existe e suprir questões ambientais."

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