O brasileiro precisa entender como agir com os criptoativos
Esse é um ambiente repleto de incertezas e riscos ― é preciso conviver com isso
Durante o mês de maio, a queda da cotação das criptomoedas ocupou os noticiários e a cobertura de tecnologia e mercado. A descida drástica de R$ 8 mil do Bitcoin de 15 a 20 de maio foi causada pela desestabilização da Terra (Luna), stablecoin UST, pareada com o dólar americano.
Tudo aconteceu quando, no início de maio, houve uma grande troca de UST por USDC ― outra stablecoin também pareada com o Dólar americano. O mercado, que é de alto risco, sofreu a queda pelo medo dos investidores que liquidaram tudo o que tinham em Luna para comprar outras moedas. Como qualquer outra criptomoeda, ela depende do movimento de oferta e demanda. Por isso, seu valor despencou 99% em apenas 72h.
Este movimento prejudicou muito a imagem de quem investe e trabalha com criptomoedas porque também desestabilizou o valor de todas as outras, gerando um grande desconforto entre investidores. Mas, na verdade, ele aconteceu basicamente pela falta de experiência de grande parte das pessoas que estão investindo no mercado de criptoativos.
Um ambiente com muitos riscos
Esse é um ambiente repleto de incertezas e riscos. No entanto, pela facilidade em investir, também contempla muitos amadores. Este tipo de investidor ainda não domina técnicas de boas operações financeiras e análise de modelos de negócios sustentáveis. Quando inicia uma tendência de queda, se apavora e vende seus ativos.
Este é o pior erro que um investidor pode cometer ― na baixa, se compra; só se vende na alta, sem fazer análise do ecossistema de outras criptomoedas. Outro ponto que demonstra o erro dos investidores inexperientes é, sem dúvida, não aprofundar em análise de narrativas. Prova disso é que a Luna já está começando a se recuperar, porque bons investidores começaram a adquirir o ativo na baixíssima cotação em que se encontra.
Independentemente da queda da semana, que não foi a primeira na história e não será a última, o mercado secundário está ativo após o grande movimento das criptomoedas, que já avança para mais de 15 mil.
Assim, o mercado financeiro tradicional tem se preocupado com a velocidade, tanto como facilidades e vantagens de novas concorrências, quanto a iniciar mudanças altamente tecnológicas para atender o consumidor.
O dinheiro físico começa a ficar menos relevante
Mesmo por meio de moedas tradicionais, hoje o dinheiro físico tem ficado cada vez menos relevante. Os meios de pagamento por aproximação e biometria facial dispensam até a produção de cartões de plástico, o que é uma tendência que pode ajudar inclusive no tema da sustentabilidade.
Mais do que isso: a tecnologia de inserir um microchip na própria pele para fazer essas transações já está disponível. Coisa de filme futurista? Nada disso. Eles vão precisar investir mais na criatividade.
Acompanhando o interesse do público, agora existem empresas que pagam salários diretamente em criptomoedas. Removendo assim a necessidade de fazer o câmbio a cada transação financeira. Além disso, já existem negócios que aceitam criptomoedas para a venda de seus produtos. A segurança do blockchain possibilita esse tipo de operação.
Cada vez mais será comum a pergunta "você aceita criptomoedas?" nas negociações de compra e venda no Brasil. Porque a cada dia que passa, cada vez mais pessoas se interessam em investir seu capital em criptomoedas e descentralizar seu poder de compra. Mas junto ao interesse, é necessário que esses investidores se informem sobre como se comportar no ambiente em que se inserem.
Senão, o fato de poder investir seu dinheiro livre da interferência de questões geopolíticas não significa mais segurança, muito pelo contrário. É preciso entender que criptomoeda é coisa séria e tratá-la como tal.
(*) Fabiano Nagamatsu é cofundador da Osten Moove e mentor de negócios no InovAtiva Brasil, programa de aceleração de startups da América Latina.