O papel das empresas é vital para um futuro sustentável
A maioria das empresas brasileiras que investem em sustentabilidade estão apenas pensando em obter uma imagem institucional melhor.
Acompanhamos nas últimas semanas recordes de temperatura sendo batidos. Mais de uma vez, na mesma semana, tanto no Canadá (49.6 °C) quanto na Califórnia (54.4°C), que teve o recorde de maior temperatura já registrada de forma precisa no mundo todo. Também vimos imagens que nunca antes imaginamos, como a de pessoas presas em um metrô cheio de água na China, neve pesada no Brasil, enchentes e incêndios devastadores praticamente ao mesmo tempo na Turquia, o ar de Nova York se tornando o mais poluído do mundo por algumas horas devido à fumaça dos incêndios no outro lado do país, a água levando tudo o que vinha pela frente em diversos países da Europa, Ásia e Oriente Médio.
Quando olhamos para esses acontecimentos todos nos sentimos impotentes. E algumas perguntas ficam em aberto: Como vamos evitar essa sensação de normalidade no ano que vem? O que podemos fazer para reverter essa situação? Como podemos nos comprometer com um uso mais consciente dos recursos? Qual é o papel das empresas para garantir um futuro mais sustentável?
Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado em julho de 2020 mostra que a maioria das empresas brasileiras que investem em sustentabilidade estão apenas pensando em obter uma imagem institucional melhor.
Esse é um dos maiores equívocos que as organizações cometem, uma vez que acreditam que a sustentabilidade é algo secundário e que não está alinhado aos objetivos estratégicos do negócio como competitividade, inovação e propósito da empresa em servir a sociedade com soluções a longo prazo gerando impacto positivo.
Segundo o estudo, 59,4% das organizações deram essa justificativa, enquanto 54,3% afirmaram que investem com o objetivo de se adequar aos códigos ambientais. O estudo mostra que as empresas brasileiras ainda não entenderam a relevância de ser sustentável e responsável socialmente.
A sigla ESG se refere aos três principais fatores para medir o índice de sustentabilidade e impacto social de uma organização: em inglês, environmental, social and governance; em português, ambiental, social e governança. A sua análise pode determinar como a empresa se posiciona em relação ao planeta e a sociedade em que está inserida.
Mais do que nunca, as organizações que pretendem se manter inovadoras e responsáveis ética, política e ambientalmente, precisam imprimir uma verdadeira revolução na forma como impactam a sociedade de maneira mais consciente, olhando aspectos sobre como é feita a utilização de recursos naturais, como são descartados os resíduos do seu processo industrial, como é a emissão de gases na atmosfera, quais são eles e qual o nível de poluição produzida.
Outros fatores que podem ser observados ainda é se há desmatamento e reflorestamento, como é feito o uso da água, que tipo de energia é utilizada, como tratam colaboradores e toda a cadeia produtiva, como a organização trata os direitos humanos e a legislação trabalhista, se há transparência na divulgação de dados ou qual é o tipo de relacionamento que a organização possui com governos e políticos.
Para isso é necessário desenvolver uma nova mentalidade das lideranças alinhadas às práticas da nova economia, tratando concorrentes não como inimigos, mas com potencial de colaboração porque o foco é o impacto na sociedade, no resultado final.
Além disso, o desenvolvimento de uma cultura centrada em pessoas, nas suas necessidades e emoções, líderes que praticam a vulnerabilidade e reconhecem as suas limitações. Transparência com clientes, colaboradores e toda a sua cadeia, um compromisso ético e responsável com as cadeiras que ocupam usando esse poder para a transformação do mundo.
(*) Carine Roos é especialista em Diversidade, Equidade e Inclusão. Ela é CEO e fundadora da Newa Consultoria.